Estamos vivenciando um tempo estranho e pouco crível onde duas gerações entram num paradoxo da fenomenologia social, onde os adultos estão infantilizados e as crianças adultizadas. Adultos que não querem amadurecer e crianças que, por ‘imposições’ da cultura da moda, da competição e do hedonismo, são ‘obrigadas’ a amadurecem cedo demais. Adultizar uma criança é uma maneira bem eficiente de destruí-la. Infantilizar o adulto é a maneira mais eficiente de aliena-lo para que este não perceba o mundo tal qual ele é.
A educação do passado preparava o indivíduo para assumir responsabilidades e estas já eram exigidas na infância, principalmente a dos mais pobres que deveriam cuidar dos irmãos menores, ajudar no trabalho do campo, etc. Quantas meninas não começaram como domésticas aos 10 anos de idade? Entretanto estas exigências não adultizavam as crianças, apenas lhes ensinavam que existir é um processo onde há responsabilidades de uns para os outros. Assim, o século passado formou jovens que lutaram contra terríveis ditaduras políticas e psicossociais.
Uma das coisas que marca o adulto é a capacidade de conviver com solidão, de assumir-se na existência e de se colocar como membro produtivo de uma sociedade. Mas, o que o ocorre é, em temos empíricos, uma grande geração ultradependente, não só financeira, mas afetivamente, que é incapaz de sair da casa dos pais por não dar conta de assumir a responsabilidade sobre si. Uma geração que lida com a realidade como se tudo fosse uma disputa ou um jogo onde sempre se pode dar um reset e começar tudo de novo sem arcar com quaisquer consequências.
Uma geração que se fantasia de Batman e Power Rangers para protestar contra ou a favor dos governos. Sem querer aqui questionar posição política, apenas a fantasia que as coisas se tornaram, ou seja, uma dificuldade em lidar com a realidade enfeitada com ícones infanto-juvenis. Não é à toa que ser geek está na moda e Marvel e DC têm vendido diversos produtos atingindo cifras estratosféricas. Agora é cool gostar de super-heróis, sendo que pouco tempo atrás era vergonhoso, era coisa de “nerd”.
Nada contra gostar de super-heróis, mas é preciso urgentemente, compreender que os jovens têm um papel importante nas transformações do mundo. Precisam – no momento da tomada de decisões – guardarem seus videos-games e miniaturas de super-heróis e assumirem a postura de membros efetivos da sociedade. Porque todos os avanços alcançados – em termos gerais – que temos hoje, foram conquistados por meio da luta daqueles que assumiram a responsabilidade de fazerem com que suas vidas tivessem um sentido real e humanitário à Terra.
A adultização é o processo de querer acelerar o desenvolvimento das crianças para que se tornem logo adultas. É importante situar aqui que a “adultização” provoca perda da infância, da socialização, da coletividade e do mais importante, a fase do brincar livremente. Há uma falsa ideia de que toda menina ou todo menino precisam ser grandes: participar de concursos competitivos, dançar, cantar músicas de adultos, se vestirem como adultos, usar joias, maquiagem, acessórios de adultos e imitarem os adultos em falas e comportamento sociais.
Em especial, as meninas pintam e alisam os cabelos; usam maquiagens; colocam próteses para aumentar os dentes, os cílios; usam unhas postiças, saltos muito altos, num estilo Barbie, com intuito de exaltar a beleza. O papel dos pais é proteger a infância e garantir que as crianças possam viver felizes cada fase do seu desenvolvimento.
O estilo adulto impede que a criança desenvolva suas oportunidades de brincar e viver feliz cada dia. A “adultização” na infância pode causar baixa autoestima, carências, fechamentos, birras. Pode, também, adiantar a maturação afetiva e sexual da criança. Outro agravante é o exibicionismo. O acesso às novas tecnologias e aos celulares de última geração oferecem status; mas não comunicam relação interpessoal.
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