Vivemos em dúvida quanto à melhor atitude a ser tomada em relação as pessoas que não são agradáveis. E, hoje, em tempos de fervo político, os relacionamentos encontram-se fragilizados e em estado de reconstrução, uma vez que as discordâncias envolvem crenças e valores.
Somos, muitas vezes, tomados pela vontade de cortar relações com quem pensa o oposto de nós, com quem pensa diferente, com quem vota em quem não queremos. Pessoas queridas acabam optando por escolhas que não condizem em nada com aquilo em que acreditamos e que nos fazem mal. A muitos é praticamente impossível suportar conviver com quem se comporta de uma maneira contrária, do outro lado da roda viva.
Na verdade, a honestidade sempre será o nosso norte mais seguro, nossa defesa mais consistente, nossa atitude mais ponderada. Quando o outro sabe o que sentimos e como nos sentimos, o relacionamento possui mais chances de encontrar a melhor forma de fluir, seja no acordo, seja no desacordo. Quando vivemos o que somos, transmitimos segurança e caráter.
Ninguém é obrigado a gostar do outro, a concordar com o outro, a ser amigo do outro. Basta ser verdadeiro, firme e assertivo, sem usar de agressão gratuita. Respeitar o outro não obriga ninguém a manter relacionamentos hipócritas, simplesmente porque se afastar de uma pessoa que não agrada também é uma forma de respeitá-la. Desrespeito seria fingir amizade e apreço dissimuladamente.
Não podemos é esquecer que esse processo requer de nós uma autoanálise, no sentido de que possamos nos colocar no lugar do outro, tentando entender suas razões. Nem sempre estaremos certos e reconhecer nossas falhas evita nos afastarmos de quem poderia nos ajudar a ser melhores, mesmo que não percebamos, de início. Conviver é uma arte, bem como deixar de conviver. O que vale é tomarmos as decisões mantendo o respeito e a integridade, pois isso ninguém tira de nós.