Nadismo é um movimento que consiste em incentivar as pessoas a passar algumas horas do seu dia fazendo nada. Isso mesmo: nada. Basta ficar sentado ou deitado e se colocar em estado de inatividade, desfrutando de coisa nenhuma.
O Nadismo é para todos, mas especialmente para aqueles que nunca têm tempo. Aqueles que estão sempre correndo, vivem ocupados e, ainda assim, não conseguem dar conta de todas as suas demandas. Se você quer fugir desse estresse diário, a prática indica parar e ficar sem fazer nada, sem cobrança, sem culpa e sem estresse, para viver melhor com o seu tempo.
Criado pelo designer brasileiro Marcelo Bohrer, o Nadismo tem como objetivo quebrar a cultura da aceleração e fazer com que as pessoas recuperem seu equilíbrio.
Até mesmo em cidades urbanas agitadas é possível praticar o método. Basta sentar ou deitar em um lugar confortável, abandonar o celular, e, com os olhos abertos, tentar não fazer nada por pelo menos 15 minutos. Apenas observar as pessoas e contemplar o mundo ao redor, de maneira consciente de tudo que está acontecendo.
“Não perca tempo…”, “O que você faz aí sem fazer nada?”, “Levante-se e aproveite o dia”
Durante a infância, surge constantemente a ideia de que o tempo é ouro. E se não tirarmos proveito das horas das quais dispomos, somos preguiçosos ou seremos fracassados.
No final, essa mensagem corre o risco de ser traduzida como na vida adulta em comportamentos parecidos com o do Coelho Branco da “Alice no país das maravilhas”. Sempre correndo, sempre atrasado e com alguma coisa muito importante para fazer.
Em muitos casos, a educação transmite às crianças que devem ser os melhores, os mais produtivos, e sublinha constantemente a ideia de que sempre, sempre, sempre, se pode melhorar. Não há tempo a perder.
Duas consequências podem ser derivadas disso: a hiper-responsabilidade e a intolerância ao tédio.
Perder tempo pode ser muito benéfico para os processos de adaptação ao meio e o desenvolvimento de capacidades intelectuais nas crianças. Quando se cresce, essa intolerância aprendida não permite que saibamos estar com nós mesmos.
Muitas pessoas se entediam, simplesmente por não saberem como ficar a sós com seus próprios ecos.
Vivemos em um mundo interconectado. Em qualquer momento e em qualquer lugar podemos realizar tarefas relacionadas ao nosso ócio, nossa formação ou nosso crescimento pessoal.
Cursos, especializações, academias, coisas de casa, escritório, trabalho… Se não fizermos, outras pessoas que compartilham suas atividades em redes sociais se encarregassem de nos lembrar do tempo que estamos perdendo.
Tudo isso constrói nosso dia a dia e alimenta a ideia de que “deveríamos” ser. A filosofia do 24×7 quer dizer estar fazendo “alguma coisa”, sete dias por semana e 24 horas por dia. No entanto, este conceito pode não ser tão bom quanto parece.
É óbvio que a busca da realização pessoal através da atividade e de ocupação é fundamental, mas até que ponto isso é controlável?
No final, para esse tipo de pessoa, é inimaginável e trágico não realizar nenhuma atividade em um dado momento, e ela vê no descanso algo quase desprezível. Na realidade, não se é um inútil por perder tempo.
Estruturar nossa semana em volta de atividades profissionais e sociais é uma rotina atraente e necessária. Enquanto isso, encontrar momentos para “perder” é muito benéfico para nossa saúde física e mental.
Reservar uns minutos por dia ou por mês para não realizar nenhuma atividade pode nos contribuir com serenidade para desfrutar de tudo isso que realizamos e que deixou de ser satisfatório, para quê?:
Se você for daqueles que desfrutam da corrente de atividades e precisam dela para seu funcionamento, vá em frente. Mas se de algum jeito sua fonte de satisfação depende do tempo cheio, mais do que da tarefa em si mesmo, dê uma oportunidade ao relógio.
No final, o “tempo perdido” pode ser convertido em ganho pessoal.
“O tempo é a moeda da sua vida. É a única moeda que você tem, e só você pode determinar como será gasta. Seja cuidadoso e não permita que outras pessoas o gastem por você”. Carl Sandburg
Texto de Paula Parende – (Releitura)
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