Antônio Frederico de Castro Alves, (14/03/1847 – 06/07/1871), foi um poeta brasileiro. Nasceu na fazenda Cabaceiras, a sete léguas da vila de Nossa Senhora da Conceição de “Curralinho – Bahia. Enfatizar nossos conhecimentos sobre o poeta faz com que nos situemos à fase conhecida como terceira geração romântica, sendo ele um dos principais artistas que a representaram. Concebemo-la como uma fase que já apresentava alguns resquícios da estética realista, cujo tema voltava-se para a estreita relação entre ser x sociedade. E foi exatamente sob esse prisma que Castro Alves mais se evidenciou, posto o seu notável engajamento em prol das lutas sociais.

Consideramos a criação artística de Castro Alves delineada por duas vertentes: a lírico-amorosa e a social que, já antes ressaltada, foi a de maior destaque. Ao nos referirmos acerca de seu lirismo, torna-se digno de nota o fato de que tal concepção, ora voltada para o amor, se divergia daquela preconizada pelos representantes da segunda geração, na figura de Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, dentre outros. Selecionamos o poema ‘Adormecida’ para expressar o lirismo amoroso de Castro Alves:

Adormecida

Uma noite, eu me lembro… Ela dormia
Numa rede encostada molemente…
Quase aberto o roupão… solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina…
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.

De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.

Era um quadro celeste!… A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia…
Quando ela serenava… a flor beijava-a…
Quando ela ia beijar-lhe… a flor fugia…

Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças…
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se…
Mas quando a via despeitada a meio,
Pra não zangá-la… sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio…

Eu, fitando a cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! – tu és a flor de minha vida!…”






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