O diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, Michel Desmurget, especializado em neurociência cognitiva e que dedicou vários livros ao mundo das telas e como elas afetam o desempenho cognitivo na infância e na adolescência, acaba de publicar na Espanha ‘A fábrica de cretinos digitais’, um livro sobre telas, mitos e neurociência.
“Simplesmente não há desculpa para o que estamos fazendo com nossos filhos e como estamos colocando em risco seu futuro e desenvolvimento. O pior é ver o desenvolvimento de nossos filhos devastado desta maneira. Bem, não os filhos de todos. Os altos executivos das indústrias digitais têm especial cuidado em proteger seus filhos dos produtos que eles nos vendem”, disse Desmurget e completa:
“A orgia digital atual está arrasando as bases mais essenciais de nossa humanidade: a linguagem, a concentração, a capacidade de memória, a criatividade, a cultura (no sentido de um corpo de conhecimento que permite compreender e pensar o mundo). Você tem razão, isto me irrita profundamente”.
Sobre se a tecnologia substituirá os professores, Desmunget argumenta:
“O software de aprendizagem é melhor do que nada, mas é infinitamente pior que um professor competente. A tecnologia digital parece ser uma necessidade orçamentária, mas seria desejável que isso fosse dito com clareza, sem tentar fazer passar esta renúncia educacional como progresso educacional”.
Desmurget se mostra ciente do que os efeitos das telas e de que a tecnologia nem sempre é positiva para o desenvolvimento cognitivo de crianças e adolescentes. Segundo o pesquisador francês, “simplesmente não há desculpa para o que estamos fazendo com nossos filhos e como estamos colocando em risco seu futuro e desenvolvimento”. As evidências, ele aponta, estão aí, diante de todos: “Já há um tempo que o testes de QI têm apontado que as novas gerações são menos inteligentes que anteriores”.
Estamos criando a 1ª geração de cretinos digitais com QI menos que o dos pais?
Conforme lembra o pesquisador francês, o QI é medido por um teste padrão. “No entanto, não é um teste ‘estático’, sendo frequentemente revisado. Meus pais não fizeram o mesmo teste que eu, por exemplo, mas um grupo de pessoas pode ser submetido a uma versão antiga do teste”.
De acordo com Desmuget: “o que sabemos com certeza é que, mesmo que o tempo de tela de uma criança não seja o único culpado, isso tem um efeito significativo em seu QI. Vários estudos têm mostrado que quando o uso de televisão ou videogame é exacerbado, o QI e o desenvolvimento cognitivo diminuem. Os principais alicerces da nossa inteligência são afetados: linguagem, concentração, memória, cultura (definida como um corpo de conhecimento que nos ajuda a organizar e compreender o mundo). Em última análise, esses impactos levam a uma queda significativa no desempenho cognitivo”.
Desmurget acumula vasta publicação científica e já passou por centros de pesquisa renomados como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. As falas de Desmurgent incluídas neste artigo foram extraídas das entrevistas que você poderá ler na íntegra em: BBC e Instituto Humanistas Unisinos.
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