De acordo com novo estudo liderado pela Escola Médica da Universidade de Lancaste, no Reino Unido, o novo patógeno batizado com o acrônimo 2019-nCoV (uma sigla em inglês para o ano em que ele surgiu, “n”, de novo, e “CoV”, de coronavírus) se espalha mais rápido do que os outros dois coronavírus agressivos que já causaram pandemias, a Sars e a Mers.
O estudo mostra que apenas 5% das infecções pelo novo coronavírus estão sendo efetivamente detectadas na China, e a epidemia cresce num ritmo rápido o suficiente para atingir mais de 130 mil casos em dez dias, de acordo com simulação de computador feita por epidemiologistas.
Num estudo que foi publicado às pressas, ainda sem revisão independente por parte de outros cientistas, o epidemiologista inglês Jonathan Read e colegas das universidades da Flórida e de Glasgow sugerem que as medidas duras de contenção impostas pelo governo chinês em Wuhan, epicentro da epidemia, não devem ser suficientes para conter seu espalhamento.
“Com uma redução efetiva de 99% nas viagens, o tamanho da epidemia fora de Wuhan seria reduzido apenas em 25% até 4 de fevereiro”, escrevem os cientistas.
Os pesquisadores afirmam que, diferentemente do que ocorreu quando a Sars eclodiu, em 2002, o governo chinês agiu de forma rápida para notificar o planeta da epidemia, mas desta vez a própria natureza da doença torna mais difícil sua contenção.
O problema talvez esteja justamente no fato de ser uma doença com sintomas iniciais menos graves.
“Por enquanto, aparentemente a taxa de fatalidade do 2019-nCoV é menor que a dos vírus da Sars e da Mers, mas o escopo final e os efeitos finais do surto ainda precisam ser vistos”, escreve o infectologista Anthony Fauci, do NIAID (Instituto Nacional de Doenças Alergênicas e Infecciosas dos EUA), em outro estudo, publicado no Journal of the American Medical Association.
Os coronavírus (micróbios cuja aparência remete a uma coroa) são uma ampla família de vírus, mas sabia-se que apenas seis deles infectam humanos. Com o novo descoberto, são sete.
Um deles é o causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave (conhecida pela sigla em inglês Sars), que matou 774 das 8.098 infectadas em uma epidemia que começou na China em 2002.
“Há uma memória forte da Sars, e é daí que vem muito medo, mas nós estamos muito mais preparados para lidar com esses tipos de doenças”, afirmou Josie Golding, da Wellcome Trust, organização não governamental sediada no Reino Unido.
A Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), que matou 858 dos 2.494 pacientes identificados com a infecção desde 2012, começou a ser transmitida para humanos por dromedários.
Até o momento, foram confirmados 5.974 casos da doença, menos de cem deles fora da China, em outros 16 países. Ao menos 132 pessoas morreram, todas em território chinês.
Até agora, não. Em geral, vacinas levam quatro ou cinco anos para serem desenvolvidas. E uma vacina vale para um vírus específico.
Atualmente, há pesquisadores tentando inventar processos que gerem vacinas em semanas e mesmo que levem a uma vacina universal para todos os tipos de gripe. Mas, mesmo que venham a ter sucesso, isso ainda está longe de se tornar realidade.
Também não há ainda um remédio para o novo coronavírus. Todo o tratamento atual lida com os sintomas, que em geral começam com uma febre, e depois de uma semana passam a incluir tosse seca e falta de ar.
Se a situação não piorar, as pessoas infectadas têm se recuperado em até uma semana.
Mas, se piorar, o vírus pode causar pneumonia, insuficiência respiratória aguda e até a morte.
Foto de capa: Radiografia de pulmão de paciente do novo coronavírus na China e imagem de microscópio do patógeno – Foto: Reprodução / NEJM
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