Você vai aceitando as coisas de que não gosta pela compensação daquelas de que você gosta, sabendo de antemão que as infelicidades causadas pelas coisas que você não gosta são mais frequentes do que as alegrias das coisas que você gosta.
Assim, em detrimento de seu amor próprio, você segue orbitando numa perspectiva ilusória e fragmentada de um ‘bem me quer, mal me quer’. E você começa a dar ouvidos aquela voz na sua cabeça que diz que você nunca será boa o bastante se não for capaz (a qualquer custo) de segurar um homem. Ignore essa voz. Ignore-a, e ela silenciará.
Eu costumo propor às minhas analisandas interessadas em autoconhecimento e amor próprio, que todos os dias, logo pela manhã, verbalize, em tom suficiente de voz, 5 coisas positivas sobre si mesma.
Então recomendo a elas que se escutem; que dêem atenção à sua própria voz. Pois, eu sou capaz de apostar que essa voz vai lhe dizer com bravura que é preciso muita coragem para se amar acima de tudo. Para praticar o “antes o outro aborrecido por eu dizer ‘não’, do que eu aborrecida por dizer ‘sim'”. Parece egoísmo, mas é amor próprio.
Às analisandas mais religiosas costumo lembra-las de que o amor próprio está nos 10 mandamentos bíblico: “ame o próximo como a você mesma e não o contrário”.
Diante do silêncio que costuma se formar, eu pergunto: se você dedicar ao outro somente o amor, o cuidado e o respeito que dedica a si mesma, o quanto o outro receberia?
Por que o outro merece mais cuidado e respeito de você, do que você mesma, se no final das contas, quem estará para todo sempre com você, e jamais abandonará, é só você?
Este texto é de autoria da escritora, neuropsicopedagoga e psicanalista Clara Dawn
