Cansei dessas paixões que tem prazo de validade. A empolgação, as mensagens diárias e os apelidos carinhosos geralmente duram duas semanas. Sei lá. As pessoas agem como se fossem do esquadrão antibombas e, quando está avançando de nível, desarmam o que poderia virar uma linda história. De amor? Nunca saberemos.
Cada hora é um aplicativo novo. Tinder, Badoo, Happn, Popn e agora já devem ter criado mais algum que eu com certeza não vou saber pronunciar, mas a dinâmica é a mesma. Passa pra esquerda, passa pra esquerda. Opa. Esse perfil é interessante. Like. Match. Começa com um “oi” despretensioso, depois evolui pra um “vamos pro whatsapp? Aqui é ruim pra conversar rs”. E começa tudo outra vez. Vai conhecendo a rotina, as conversas ficam frequentes, um date, um carinho gerado. E depois? Aborta-se o sentimento.
Chegamos às relações de fast food. Saciou a vontade, matou a carência? Então segue o baile. E assim vão seguindo de baile em baile e ninguém se importa mais em dançar abraçado e curtir o som.
A casualidade tomou o lugar da durabilidade e nos tornamos uma geração que ostenta quases. Quase felicidade. Quase relacionamentos. Quase amor.
Eu sou mais da moda antiga mesmo e meus dates frustrados que eu consigo contar nos dedos da mão – do Lula – não me deixam mentir. Eu já passei dessa fase de procurar o amor em aplicativos. Vou tentando na mesa do bar, na fila do mercado e naquela amizade em comum. Ah, e no acaso também.
É que eu não aguento mais essas paixões de duas semanas que bagunçam a cama e simplesmente escorrem pelos dedos sem que você perceba. Eu preciso de algo que dure, sabe? Pode até ter as duas semanas da euforia e os apelidos carinhosos – só ainda não me chame de meu nego, nem de bebê – mas meu coração é grande demais pra tão pouco, entende?
Eu quero as duas semanas e quantas mais a reciprocidade permitir. Depois a gente tenta mais duas semanas, dois meses… A gente tenta até a paixão virar amor e enquanto ele existir. Garanto que não vou acionar o esquadrão antibombas. Já puxei o pino da granada, agora eu quero explodir de amor.
por Diego Henrique