“Uma das coisas que mais me entristece hoje é ver uma casa infeliz. E uma casa infeliz é aquela que se entra está tudo arrumado. É uma casa sem uso. Você vai à sala e as almofadas estão no lugar, como se a Revista Caras fosse entrar para fotografar. Uma casa que não tem nada fora do lugar é uma casa morta. Onde há vida, há perturbação da ordem. (…) Vida, é vibração, vibração é movimento molecular e nessa hora, a casa em ordem é uma casa triste, é a casa que não se vive mais nela.
Quando eu era criança […] a minha festa de aniversário durava quinze dias. A minha e a de qualquer pessoa, porque era uma semana para preparar a festa. Era a família fazendo docinho, enrolando brigadeiro, fazendo coisas, fazendo sanduíches, colocado em lata, durava uma semana. E aí tinha festa no sábado, e aí durava mais uma semana para limpar, arrumar, guardar.
Uma festa de aniversário minha durava quinze dias, eu era feliz por quinze dias, porque era lembrado, comemorado, era festejado, hoje a festa de uma criança dura duas, três horas, que é o tempo em que se vai a um lugar estranhíssimo, chamado buffet infantil, que não é a casa de ninguém, é um motel pedagógico, uma festa às dez, outras às catorze, outra às dezoito”.
Excertos extraídos das falas do professor Mario Sergio Cortella no Sempre Um Papo, com o “Frei Betto e Leonardo Boff. Assista na íntegra: