O bullying se caracteriza pela repetição de atitudes agressivas e de intimidação entre indivíduos, a maioria criança e/ou adolescentes. Uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostra que o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking de países que mais praticam o bullying.
Enfrentar as agressões físicas, verbais, psicológicas, materiais, sociais, virtuais, sexuais, morais… do bullying, pode causar grande sofrimento psíquico às vítimas. Cerca de 43% das crianças e dos jovens estão passando por esse tipo evitável de sofrimento. Essa hostilidade tem impacto na saúde integral das vítimas, podendo desencadear, em indivíduos geneticamente predispostos, algum tipo de transtorno mental grave do tipo depressão, ansiedade generalizada, transtorno bipolar, síndrome do pânico, esquizofrenia, automutilação, ideações e prática suicida.
Bullying não é engraçado é Crime. Se quem pratica for maior poderá ser preso e ter que pagar indenização. Se for menor sofrerá sanções disciplinares estabelecidas pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e os seus responsáveis poderão ser condenados a pagar indenização por danos morais, psicológicos, físicos e/ou materiais.
A Lei 13.185/2015, institui o programa de combate à intimidação sistemática, o bullying. De acordo com a referida lei, a intimidação sistemática também pode ser caracterizada pelos atos de ataques físicos, psicológicos, materiais, sexuais, morais, sociais; insultos, comentários maldosos, apelidos pejorativos, ameaças por quaisquer meios, grafites depreciativos, expressões preconceituosas presenciais e/ou virtuais; banimento social consciente e premeditado, racismo e/ou homofobia. (Vide crimes de racismo).
A Lei tem como objetivo, prevenir e combater a prática da intimidação sistemática (bullying) em toda a sociedade; implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação acerca do tema, instituir práticas de conduta e orientação de pais, tutores, familiares, professores… e diante da identificação de vítimas e agressores, dar assistência psicológica, social e jurídica, dentre outros.
Até quem fica de fora, só olhando o bullying acontecer, tem papel nessa história. Veja:
O silêncio ou as risadas dos que estão em volta reforçam, ainda que sem intenção, ataques físicos ou verbais. Muitas vezes, essa conduta é fruto do medo de se tornar o próximo alvo. O clima de insegurança também é prejudicial para quem está na plateia. Por outro lado, seu suporte ajuda a frustrar o bullying e coibir ações semelhantes. Afinal, quando as pessoas ao redor deixam de apoiar o bullying, o autor tende a ficar sozinho e parar de constranger os alvos.
As marcas da perseguição podem ser tão profundas em quem está no olho do furacão que os traumas reverberam para o resto da vida. Diante da coação, alguns se manifestam de forma insegura e não se defendem. Outros mostram um temperamento mais exaltado e revidam. Tem gente que se sente culpada por sofrer, enquanto outros descontam a frustração nos colegas.
No bullying, o autor sabe que sua ação poderá machucar o outro, mas faz mesmo assim, sem pesar consequências. Tanto quanto o alvo, quem pratica o bullying precisa de atenção e, em alguns casos, tratamento. O autor também apresenta um risco maior de desenvolver adversidades mentais. É importante buscar respostas sobre a origem do comportamento hostil. Baixa autoestima e depressão podem ser tanto causa como consequência do bullying.
As escolas têm um papel muito relevante no combate ao bullying. O tema precisa ser abordado exaustivamente como material da grade curricular. Os alunos podem ser divididos em grupos e cada grupo trabalha um tipo de bullying e podem ser feitos cartazes para espalhar por toda a escola. Podem ser feitos danças, teatro, músicas, jogos, concurso de redação e/ou poesia com o tema.
É de extrema importância que os pais sejam convidados a participarem dessas ações na escola e notificados por escrito sobre o que é o bullying e por que sua prática é criminosa. Enfatizar que o bullying é um crime passivo de punições é funciona bem como um incentivo á denúncia e a reparação. É como uma espécie de educação coercitiva positiva, como aconteceu com a obrigação de usar o cinto de segurança. No começo as pessoas usavam o cinto de segurança de medo de serem multados, mas hoje entram no carro e colocam o cinto automaticamente e não se lembram que é obrigatório. As gerações seguintes sequer sabem que é obrigatório, apenas fazem o uso porque é uma prática.
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