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Pais suficientemente bons praticam esses 10 hábitos e criam laços indestrutíveis com os filhos

O termo “mãe suficientemente boa” foi desenvolvido por Donald Winnicott (capa), um pediatra e psicanalista inglês influente no campo das relações objetais. Ou seja, relações emocionais entre o sujeito e objeto amado que, através de um processo de identificação comum, impactam o desenvolvimento psicoemocional de ambos.

Segundo Winnicott a mãe (ou cuidador/a principal) suficientemente boa, não é uma pessoa perfeita, mas sim aquela que vai se tornando desnecessária, ao mesmo tempo em que promove e auxilia o desenvolvimento e a autonomia integral da criança. A partir dessa reflexão de Winnicott, avançamos com o termo “pais suficientes bons” para prepararmos esse elenco de hábitos indispensáveis para se criar laços indestrutíveis com os filhos, desde a infância até a vida adulta.

10 hábitos que criam laços indestrutíveis com seus filhos

Winnicott enfatiza a importância do ambiente facilitador, onde a criança pode explorar e se desenvolver de maneira autêntica, sem sentir que está sendo constantemente julgada ou interrompida. Esse ambiente de acolhimento psicológico cria uma base sólida para a confiança e o desenvolvimento saudável da identidade da criança, permitindo que ela se torne um adulto seguro de si e capaz de formar relacionamentos interpessoais saudáveis. Veja aqui 10 hábitos que podem criar laços indestrutíveis com seus filhos:

1. Dê abraços (ou conexões afetuosas) todos os dias

Como dizia a saudosa e renomada escritora e psicoterapeuta familiar, Virginia Satir: “Precisamos de 12 abraços por dia para crescer: 4 para sobreviver e 8 para manutenção”.  Portanto, se o seu filho quiser, aconchegue-o logo de manhã por alguns minutos e essa também deve ser a última coisa a se fazer com ele à noite. Se ele assim permitir, abrace-o quando você disser até logo, faça carinho no seu cabelo desgrenhado, dê tapinhas nas costas de surpresa, toque os ombros, faça contato visual e sorria de um jeito engraçado e inesquecível. Se seu filho pré-adolescente ou adolescente rejeitar seus avanços, acomode-o com uma bebida gelada e converse descontraidamente, tentando, aos poucos, lhe dar um abraço, ou um aperto de mão. Essa é uma maneira infalível de ouvir o que aconteceu na vida dele hoje. Você ficará feliz se priorizar isso.

2. Brinque com eles enquanto eles querem brincar com você

Risos e brincadeiras mantêm você conectado com seu filho, estimulando endorfinas e oxitocina em ambos. Fazer do riso e das brincadeiras um hábito diário também dá ao seu filho a chance de aprender a autorregulação, a cooperação, a empatia, a solidariedade, a se relacionar socialmente, a lidar com as regras, a ganhar e a perder, e acima de tudo, lhe ensina que o riso faz bem á saúde emocional. Qual destas duas frases você acha que funciona melhor?

  • “Venha tomar seu café da manhã agora mesmo”, ou
  • “Pequeno, é hora do café da manhã! Olha, você tem morangos e bananas em sua aveia”.

3. Desligue o seu celular ao interagir com seu filho. Seja um exemplo de conexão real

Realmente. Seu filho se lembrará pelo resto da vida de que era importante o suficiente para os pais, pois eles desligaram o telefone para ouvi-lo. Até mesmo desligar a música no carro pode ser um poderoso convite para se conectar, porque a falta de contato visual no carro diminui a pressão, então crianças (e adultos) têm mais chances de se abrir e compartilhar.

4. Converse bastante com seu filho sobre as mudanças que acontecerão ou que já aconteceram na família, com ele ou com você

As crianças têm dificuldade em fazer a transição de uma coisa para outra. Elas precisam de nós para lhes orientar naqueles momentos em que elas realmente não querem desistir do que estão fazendo e para fazer o que nós queremos que elas façam. Se você olhar nos olhos dela, chamando-a pelo nome, se conectando com ela e fazendo-a sorrir, você construirá uma ponte para que ela possa transitar durante uma mudança difícil.

5. Dedique um tempo distinto para cada um dos filhos, afinal nenhum é igual ao outro

Faça o que for necessário para agendar 15 minutos com cada criança, separadamente, todos os dias. Tente qualquer atividade física ou jogo que faça seu filho rir. Quando você dedica um tempo exclusivo a alguém, você lhe presenteia com algo de valor inestimável. E acima de tudo, você lhe oferece uma prova indelével de que ela é alguém que merece respeito, dedicação e afeto saudável.

6. Nunca reprima as emoções de seu filhos, elas são indispensáveis para a sua saúde mental

Acerca deste assunto, a psicanalista Clara Dawn, especialista em prevenção ao suicídio na infância e na adolescência, nos ensina o seguinte:

“É vidente que uma criança que não foi rejeitada no ventre materno, que teve uma infância respaldada pela pedagogia do amor, onde recebeu orientações, disciplinas e bom exemplo, terá maior capacidade de desenvolver uma inteligência emocional capaz de lhe tornar um adulto equilibrado em termos gerais. Logo, podemos compreender que se a criança nasce e convive num ambiente hostil, terá poucas chances de aprender a lidar com suas emoções, pensamentos e sentimentos. E quando as durezas da vida lhe acontecer ela não terá inteligência psicoemocional para lidar com elas.

É importante ressaltar que independentemente das condições sociais em que se vive, o que determina quem seremos na vida adulta é a forma afetuosa em que nossas emoções, pensamentos e sentimentos são aceitos, escutados, validados, respeitados e não julgados na infância. Não se preocupe com quem a criança será no futuro, se preocupe em como ela se sente hoje. Deixe-a verbalizar todos os seus sentimentos e não julgue nenhum deles. Você saberia dizer exatamente como o seu filho está se sentindo emocionalmente hoje?”.

7. Pratique a empatia com seus filhos: se coloque no lugar dele e converse com ele sem julgamentos

Muitos pais podem dizer que jamais agridem os seus filhos com palmadas, mas esquecem que ao classificar o comportamento dos filhos com rótulos hostis, estão lhes violentando psicologicamente com um tipo velado e cruel de bullying. A falta de empatia dos pais: um bullying que ninguém reconhece. Se não queremos que nosso filho seja assediado ou assediador, se queremos igualdade, podemos conseguir isso. Uma condição indispensável para chegarmos a uma realidade cordial e conveniente é trabalhar a empatia dia após dia na vida de nossos filhos e especialmente em nossas vidas.

Os pais precisam se colocar no lugar do seu filho. Pensar com a sua mente, com o seu coração, com o jeito de ler o mundo. Os pais precisam parar com o terrorismo emocional em torno dos filhos. Fustigando-os a tão somente escutá-los como se o filho, só por ser criança, não tem sentimentos. Os pais precisam praticar a empatia com seus filhos a fim de que seus filhos aprendam o valor que existe no ser pessoa integrante e não no ter o monopólio do sucesso num desfile de orgulhos.

Os pais empáticos são capazes de ensinar os seus filhos a reciclar o pessimismo, a sisudez e superarem a necessidade neurótica de estar acima dos outros. Quando adultos, serão pais cativantes, filhos compreensivos, professores marcantes, cônjuges que irrigam o afeto, executivos que libertam a criatividade dos seus liderados.

8. Façam atividades domesticas com eles, se conectem com alegria e experimentem os sentidos: tato, paladar, audição, olfato, visão

Use cada interação durante todo o dia como uma oportunidade de se conectar. Diminua o ritmo e compartilhe o momento com seu filho: deixe-o sentir o cheiro dos morangos antes de transformá-los em milk-shake. Quando estiver ajudando-o a lavar as louças, coloque as compartilhem o fluxo da água e converse sobre isso. Cheire o cabelo dele. Ouça sua risada. Olhe-o nos olhos e escute as batidas do seu coração, ele também pode fazer o mesmo com você. Conecte-se por inteiro no momento presente, pois esta é realmente a única maneira de nos conectarmos.

9. Transforme a hora de dormir num momento inesquecível: converse, cante, leia histórias

Defina a hora de dormir de seu filho um pouco mais cedo, presumindo que você passará algum tempo com ele, se aconchegando e interagindo com ele. Esses momentos sociáveis ​​e seguros de conexão trazem à tona tudo o que seu filho está enfrentando, seja algo que aconteceu na escola, a maneira como você brigou com ele logo pela manhã ou as preocupações dele sobre o passeio que fará na escola. Você tem que resolver o problema agora? Não. Apenas ouça. Reconheça os sentimentos. Assegure-o de que você ouviu sua preocupação e que juntos resolverão.

No dia seguinte, certifique-se de lembrá-lo da conversa de vocês. Você ficará surpreso ao ver como seu relacionamento com seu filho se aprofunda. E não desista desse hábito quando seu filho crescer. Tarde da noite costuma ser o único momento em que os adolescentes se abrem. E se não houver abertura para uma conversa, tente apenas ficar em silêncio com eles, ou cante uma canção, ou leia uma história.

10. Simplesmente apareça sem aviso prévio e faça-os perceber que você fez isso porque eles são muito importantes

A maioria de nós passa pela vida meio presente. Mas seu filho tem apenas cerca de 900 semanas de infância com você antes de sair de casa. Eles irão embora antes que você perceba. Tente simplesmente ter como prática, aparecer: durante o intervalo na escola; durante o jogo de basquete; durante a brincadeira com amigos… Numa hora dessas, apenas apareça sem aviso prévio e faça-o perceber que você fez aquilo porque ele é muito importante para você e você desejou estar com ele por um tempinho. Você não será capaz de fazer isso o tempo todo. Mas se você fizer ás vezes, a sua presença será como um presente inesquecível e os laços com o seu filho serão indestrutíveis.

Portal Raízes

As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

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