Não é agradável que o professor lhe diga que seu filho tenha mordido outra criança da sala ou que foi mordido. Mas não devemos, diante disso, fazer uma reflexão simplista demais de que a culpa está tão somente na possível falta de atenção da monitora da turma. Nossa reflexão precisa ser no sentido emérito de causas motrizes.
As crianças mordem porque não sabem como regular as emoções negativas que lhes afetam. Acompanhamos a notícia de um bebê de 6 meses que foi mordido cerca de dez vezes, por um colega de 2 anos, em uma creche e, numa reflexão imediata, é possível afirmar que a falta de investimento na educação infantil, corrobora para que este tipo situação aconteça no ambiente escolar.
Sem políticas públicas que possam garantir a contração de monitores, professores, seguranças, atividades artísticas e esportivas, psicólogos e psicopedagogos nas escolas e creches públicas, não é possível garantir uma educação qualidade que fomente também saúde integral das crianças.
Ainda que a mordida possa ser um ato que não supõe nenhum problema grave, é bem frequente. As crianças ainda não sabem expressar bem o que sentem e o manifestam mordendo. As crianças mordem a partir dos 2 a 3 anos aproximadamente. Quando começam a conhecer emoções que antes não tinham, como ira, frustração, raiva ou ciúmes, e não sabem como canalizá-las numa conduta positiva. Dessa maneira, mordem.
Compreender o que há por trás da mordida é o primeiro passo para conseguir que as crianças deixem de ter este comportamento agressivo. A mordida expressa algo e é o que devemos averiguar. As crianças que mordem podem dizer que existem situações dentro de casa que as alteram. 7 delas, são estas:
Assim como é comum que as crianças mordam cedo, também é frequente que deixem de fazê-lo à medida que vão crescendo. No entanto, saber que é comum não tranquiliza os pais das crianças que tem este comportamento, ainda menos os pais das crianças que são mordidas. Se a criança é um bebê ainda, os pais devem investigar o histórico de segurança da creche e/ou da escola. Deve perguntar e se interessar constantemente pelo modo como a instituição funciona e como são as pessoas que trabalham lá. E acima de tudo, sempre e sempre, observar o comportamento da sua criança quando for e quando voltar da creche: seja quieto demais ou ativo demais. Investigue. Esteja atenta.
E se as crianças já forem capazes de compreenderem uma explicação, aconselhamos a usar as seguintes dicas.
Com calma e suavidade revise a criança mordida, mas não ignore a criança que mordeu. Atenda primeiro a criança agredida, assegure-se de que não precisa de atenção médica. Em relação à criança agressora, evite que ela atraia toda a atenção.
Envolva a criança que morde no cuidado pedagógico amoroso, para que ela possa perceber que sua ação causou dano e dor. Mas, não o trate com frieza, pois somente conseguirá com que ela se feche e não diga o que causou esse comportamento.
Se o seu filho mordeu outras crianças ou foi mordido, recomendamos seguir as estratégias que explicamos a seguir. São algumas dicas de como ajudar seu filho a superar esta etapa o mais rapidamente possível e também de oferecer apoio à criança que mordeu, bem como aos pais dela.
Ainda que seja fácil perder o controle com a criança que começou o problema, você deve manter a calma. Uma resposta violenta, uma reprimenda excessiva ou um castigo, somente alimentarão os sentimentos de ira e de frustração. Com muita calma, dê uma explicação simples à criança, para que ela entenda que morder dói e que ela não deve voltar a fazer isso por mais aborrecida que esteja.
Ensine seu filho que deve buscar ajuda de um adulto mais próximo caso se aborreça. Como as mordidas são mais frequentes em creches e pré-escolas, ensine seu filho que deve aprender a expressar o que não gosta e avisar a professora que está aborrecido. Falar antes de agredir a criança que o aborreceu.
Se outra criança lhe tirou o brinquedo, por exemplo, ele deve aprender a dizer para a outra criança que não gostou do que ela fez. Depois avisar imediatamente a professora o que acontecer para que seja esta a resolver a situação.
É claro que é bem importante que você também fale com a professora ou cuidadora. É necessário saber como a cuidadora está lidando com situações agressivas que as crianças apresentam.
Algo muito mais efetivo do que focar no comportamento agressivo, é reforçar as condutas positivas. A partir dos 3 anos, as crianças desfrutam da companhia de outras crianças. Cada vez que estão brincando tranquilamente com seus pares, elogie seu bom comportamento. “Você brincou tão bem com seu amigo hoje! Isso é muito bom!”.
Ao mesmo tempo, fale sobre o ato de morder. Quando estiverem comendo, converse sobre o porquê se morde um pão ou uma fruta (para apreciar seu sabor, para se alimentar), e explique por qual motivo não se deve morder os amigos.
Alguns acreditam que se devolvermos a mordida a criança, ela entenderá que morder é doloroso. Nada mais longe da verdade. A criança que recebe uma mordida de seus pais aprende que é uma conduta admissível para liberar a ira e o aborrecimento. O exemplo que damos aos filhos é mais contundente do que os argumentos que possamos ensiná-los. Não morda seu filho, nem sequer como parte de um jogo ou brincadeira.
Enquanto as crianças aprendem a se autocontrolar, temos que nos atentar aos fatores que desencadeiam as mordidas. Desta forma, é possível visualizar quais fatores corroboram para o momento da mordida e trabalhar a prevenção. No momento que você perceber que seu filho está a ponto de morder, seja contundente, mas sem perder a calma. Aparte-o da situação e lhe explique por que é ruim o que ele está fazendo: “Morder machuca muito, não vou permitir que você morda seu coleguinha”.
Lembre sempre o seu filho que você o ama. Pois se a pedagogia do amor não funcionar, nenhuma outra funcionará. O amor responsável e instrutivo que você oferecer ao seu filho o ajudará a expressar as razões que o levam a morder e a não se controlar. Deve ficar claro que você desaprova essa conduta, mas que nem por isso o deixou de amá-lo.
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