Por Giselle de Almeida
Quando o engenheiro Alex (nome fictício) a procurou, levando bombons e demonstrando interesse, depois de tê-la conhecido brevemente durante uma viagem, a empresária Priscila Bentes, hoje com 59 anos, resolveu dar uma chance. Parecia ser o início promissor de um relacionamento, que se estendeu por quase um ano. A ilusão terminou, porém, com a descoberta de que ele estava envolvido com várias mulheres no mesmo período – ao menos 30, cujas histórias ela conta, com toques de ficção, no livro “Can@lha.com” (edição independente), lançado recentemente.
“Ele foi direto no intento de me conquistar. Eu me assustei, mas não fechei a porta. Passamos a trocar e-mails e a conversar ao telefone, porque ele morava em outra cidade e eu vivia viajando. Aos poucos, foi me conquistando. Ele era feio, mas inteligente, atencioso, generoso. Quando descobri suas traições e doença, vi que não foi um namorado, e sim uma farsa”, analisa.
Segundo a autora, o primeiro encontro do casal, em 2008, assim como os sumiços dele, suas justificativas mirabolantes e o término estão no livro, porém de forma aumentada. Ela lembra que os sinais de que havia algo errado eram muitos, mas simplesmente “não queria ver”. Uma das ausências, por exemplo, durou quatro dias, depois que Alex saiu dizendo que ia comprar pão. “Disse ter sido abduzido por um grupo de amigos da escola que o levaram para um sítio, onde não pegava celular. E que, quando voltou, não me ligou, pois estava sem bateria nem carregador. Chegou quatro dias depois, trazendo pães quentinhos”, recorda.
Cada vacilo, no entanto, era “compensado” com gestos românticos, o que contribuiu para prolongar a situação. “Tinha acabado de perder minha mãe. Estava muito só, com muitas responsabilidades. A vida ficava mais fácil com ele, e assim foi passando. Não sou de ficar investigando a vida de ninguém. Prezo pela minha liberdade. Sou verdadeira e acredito nas pessoas até que se prove o contrário. Ele sumia, eu ficava chateada, mas depois passava”, conta.
Um computador aberto sobre a mesa – que ela crê ter sido deixado dessa maneira de propósito – ajudou a descobrir a verdade, ou pelo menos parte dela. Sua reação imediata foi a de dar um ponto final na relação. “Terminei tudo na hora. Eu o coloquei para fora de casa no meio da madrugada, sem possibilidade de retorno. Ele só repetia que eu estava fazendo a maior besteira da minha vida. Que ele me amava, que eu era a única, que as outras eram somente uma diversão”, lembra.
Após o término, os dois chegaram a se reencontrar pessoalmente e a conversar por telefone e e-mails. Mas a intenção de Priscila nunca foi reatar. “Precisava olhar para ele com outros olhos. Era necessário para que eu pudesse seguir em frente”, analisa a empresária, que chegou a fazer contato com algumas das outras mulheres de Alex. Uma delas, inclusive, veio a se tornar sua amiga. “Ela descobriu muito sobre ele. Ao contrário de mim, era investigativa.”
Segundo a autora, a decisão de publicar o livro não foi a de fazer um desabafo e, sim, um alerta. “Percebi que 90% das mulheres com quem convivi tiveram experiências com canalhas. A minha foi apenas mais uma. Mulher carente de meia idade é um perigo! Não olha para os sinais, só enxerga aquilo que quer e acaba se prendendo em armadilhas que lhe custarão o sono e a felicidade”, opina.
Priscila conta que, após a publicação, recebeu centenas de mensagens de pessoas que se identificaram com a história e se disseram inspiradas por sua coragem. “Superei isso em menos de um mês. Enquanto estava sendo enganada, eu sofri. Quando vi onde estava, quando peguei as traições, fui embora! Mas as mulheres, em geral, não são assim. Elas querem solucionar problemas insolúveis. Aguentam porrada, achando que um dia tudo vai melhorar. E não melhora. E ela vai perdendo a autoestima, a vida, a possibilidade de ser feliz. Meu livro veio com esse propósito. Tá ruim? Muda! Vira a página! Vai ser feliz! Chega de chorar sobre o leite derramado. Errar é humano, insistir no erro é burrice, já dizia meu pai”, afirma.
Hoje casada, a empresária diz que seu envolvimento com Alex deixou uma lição. “Me libertei tardiamente dos sonhos infantis de príncipes e castelos incutidos em minha criação e responsáveis pelos enganos cometidos. Parei de colocar no outro a responsabilidade de minha felicidade e principalmente de ter que fazer o outro feliz. Amadureci minha forma de me relacionar. Estou casada há 10 anos. Amo meu marido. Um dia escutei a frase de Fernanda Montenegro que diz: ‘O amor é um privilégio de pessoas maduras’. Hoje eu não apenas acredito nisso, mas vivo esse amor na realidade”, garante.
Texto de Giselle de Almeida via Yahoo
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