Por que as pessoas se queixam? Certamente não é apenas para torturar os outros com sua negatividade, como muitos poderiam pensar. Muitas pessoas têm o hábito de reclamar, talvez para exteriorizar suas emoções e pensamentos, talvez para desabafar e se sentir melhor. E até aí, tudo bem! É importante expressar suas emoções.
Mas a ciência sugere que ao transformar a reclamação num hábito, a pessoa além de ativar em seu cérebro uma carga viciante de negatividade, também contagia os ouvintes, fazendo com que se sintam impactados, impotentes e angustiados.
Desabafar a todo momento, expondo emoções lamuriantes, com pessoas não qualificadas terapeuticamente para ouvir, pode parecer uma oportunidade de se sentir melhor e receber ajuda, seja com palavras ou atitudes de afeto. Entretanto, veja o que Steven Parton, pesquisador americano, com mais de uma década de experiência em psicologia e neurociência, diz:
“O hábito de reclamar altera negativamente o humor da pessoa e cria um estado permanente de baixo-astral no cérebro”. Segundo Steven, o cérebro do lamuriante passa a construir todas as suas conexões com base no que é repetidamente exposto. Portanto, se alguém está habituado a reclamar e a dar asas a pensamentos negativos, é exatamente isso que o cérebro buscará fazer sempre. Pois este é o caminho mais fácil para ele. É por onde ele está acostumado caminhar.
As queixas constantes consolidam as sinapses “negativas” do cérebro e estas provocam um grande impacto em nossa saúde. Steven diz:
“Quando alimentamos a tristeza, o ressentimento, o rancor, o ódio, a mágoa… todas essas emoções se refletem em nosso corpo de forma tão poderosa que podem desencadear doenças predispostas e condicionar o corpo a um constante loop de baixa autoimunidade”
Isso acontece porque detrás de emoções e sentimentos negativos, se esconde, o cortisol, um neurotransmissor que além de ajudar o organismo a controlar o estresse, regula inflamações e equilibra o sistema imunológico, os níveis de açúcar no sangue e a pressão arterial.
Não devemos esquecer que ulterior aos sentimentos negativos e emoções, existe um sistema imunitário deprimido, o que aumenta o risco de desenvolver doenças cânceres e/ou desordens cardiovasculares. O cortisol também prejudica a memória, aumenta o risco de depressão e ansiedade e, obviamente, diminui a esperança de vida.
É preciso ficar claro que o cientista não está dizendo que não se deve expor suas emoções, ou que não se deve reclamar das injustiças sociais, por exemplo. O cientista evidencia a necessidade da prática da inteligência emocional para distinguir reclamação tóxica de reclamação produtiva.
O problema é o seguinte: quando nos queixamos, nossos pensamentos negativos enchem a nossa mente e assim alimentamos, precisamente, as redes neurais maléficas. Ou seja, quando alimentamos a negatividade, ela traz de volta negatividade.
Quanto mais nos queixamos, mais escuro veremos o mundo, porque são exatamente esses caminhos neurais que estamos potencializando em detrimento de outros muito mais positivos e benéficos para a nossa saúde emocional.
As reclamações não somente afetam as conexões neurais da pessoa que se lamenta, como também de quem está ao seu redor. “Ficar se queixando o tempo todo é semelhante a peidar no elevador lotado. Parece inofensivo, mas é danoso”, disse o psicólogo Jeffrey Lohr
As reclamações alheias nos afetam porque o nosso cérebro está programado para ser empático. Nestes casos, a empatia se converte numa faca apontada contra nós mesmos. Quando ouvimos uma pessoa se queixar, o nosso cérebro libera os mesmos neurotransmissores do queixoso. Desta forma, acabamos prisioneiros de suas queixas.
A boa notícia é que isso também acontece da forma contrária. Se nós adotarmos uma postura positiva motivadora, o cérebro também se acostumará a transitar por esse caminho e conduzirá a nossa mente e o nosso corpo às boas energias.
Aqui estão três exemplos de como o hábito de reclamar prejudica a saúde do cérebro
1 – Queixas consolidam as sinapses da negatividade: Neste instante nosso cérebro está produzindo muitíssimas sinapses. Quando pensamos um neurônio libera uma série de neurotransmissores, por meio dos quais um neurônio se comunica com outro. E, assim, estabelece uma espécie de ponte através da qual passa um sinal elétrico. Desta forma é transmitida a informação no cérebro.
É interessante observar que a cada vez que se produz uma sinapse, esse caminho se completa. Desta forma são criadas verdadeiras autopistas neurais em nosso cérebro. São elas que nos permitem, por exemplo, dirigir de maneira automática ou caminhar sem ter de pensar como movemos os pés.
Estes circuitos não são estáticos. A função prática pode mudar, debilitar-se ou consolidar-se. Obviamente que, quanto mais sólida seja essa conexão, mais rápida chegará a informação e mais eficiente seremos ao realizar essa atividade.
O problema é o seguinte: quando nos queixamos, nossos pensamentos negativos enchem a nossa mente. E estaremos alimentando, precisamente, as redes neurais maléficas. Neste caso, quando alimentamos a negatividade ela traz de volta a depressão. Quanto mais nos queixamos, mais escuro veremos o mundo, porque são exatamente esses caminhos neurais que estamos potencializando em detrimento de outros muito mais positivos e benéficos para a nossa saúde emocional.
Investigadores da Universidade de Yale constataram que nas pessoas submetidas a um grande estresse ou que sofrem depressão, ocorre um desequilíbrio das sinapses que produz a atrofia neural. No cérebro destas pessoas aumenta a produção do fator de transposição chamado GATA1, que diminui de tamanho. As projeções e a complexidade das dendrites são essenciais para transmitir as mensagem entre os neurônios.
2 – Você é o reflexo de quem está a sua volta: As reclamações não somente afetam as conexões neurais da pessoa que se lamenta, como também de quem está ao seu redor. É provável que depois de haver ouvido um amigo se queixar durante várias horas, você se sinta como se ele houvesse drenado a sua energia vital. É provável que nesse momento também tenha tido uma visão um pouco mais pessimista do mundo.
Isto se deve ao fato de que o nosso cérebro está programado para ser empático. Os neurônios espelhos nos fazem experimentar as mesmas sensações que a pessoa transmite. Ou seja, alegria, tristeza ou raiva. Nosso cérebro tenta imaginar o que sente e pensa essa pessoa e, em consequência, o cérebro atua no sentido de modular nosso comportamento.
Nestes casos, a empatia se converte em uma “faca de dois gumes” apontada contra nós mesmos. Quando ouvimos uma pessoa se queixar, o nosso cérebro libera os mesmos neurotransmissores do queixoso. Desta forma, acabamos prisioneiros de suas queixas.
3 – O cérebro é o comando que controla o corpo: As queixas consolidam as sinapses “negativas” do cérebro e estas provocam um grande impacto em nossa saúde. Quando alimentamos a tristeza, o ressentimento, a raiva, o ódio e a ira, todas essas emoções se refletem em nosso corpo. Um grupo de pesquisadores da Universidade de Aalto idealizou um mapa corporal das emoções, no qual se pode ver como estas emoções se refletem em zonas específicas do corpo.
Também não podemos nos esquecer de que detrás desses sentimentos e emoções negativos se escondem, muitas vezes, o cortisol. Um neurotransmissor que também atua como hormônio e serve para ajudar o organismo a controlar o estresse, reduzir inflamações, contribuir para o funcionamento do sistema imunológico e mantém os níveis de açúcar no sangue, assim como regula a pressão arterial.
No entanto, não devemos esquecer que ulterior aos sentimentos negativos e emoções, um sistema imunitário deprimido aumenta a pressão arterial e o risco de desenvolver doenças tal como o câncer e as desordens cardiovasculares. O cortisol também prejudica a memória, aumenta o risco de depressão e ansiedade e, obviamente, diminui a esperança de vida.
1 – Treinando o cérebro: Três vezes ao dia, todos os dias, gaste um minuto procurando especificamente por pontos positivos.
2 – Dê feedback positivo todos os dias: Deixe as pessoas saberem que você está reconhecendo aspectos positivos, não importa o quão recentes sejam.
3 – Faça um trabalho voluntário: Ajudar os outros se sentirem bem aumentará sua positividade
4 – Cuide da sua saúde integral: Sua saúde pode afetar sua perspectiva. Se você está comendo bem, dormindo bem e se exercitando de maneira adequada, é mais provável que tenha uma perspectiva positiva.
5 – Deixe a sua negatividade interior pra lá: Centralize seus pensamentos nas coisas que o fazem feliz, ajudando a direcionar sua mente para o lado positivo.
6 – Traga positividade para o momento presente: Uma ótima maneira de fazer isso é perguntando a si mesmo: o que posso fazer agora que me dará alegria?
7 – Busque ajuda de um profissional: Se não conseguir sozinho, não hesite em buscar ajuda qualificada. E tudo bem, precisar de ajuda. Todos precisam.
Pesquisas: Science and Pseudoscience in Clinical Psychology
Veja a versão animada deste conteúdo:
O “chefe ruim” se tornou uma parte cômica da cultura de trabalho, permeando filmes e…
"A alma da fome é política", dizia Herbert José de Sousa, o Betinho (capa), ao…
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925/2017), autor de mais de trinta obras publicadas no Brasil,…
Neste 20 de novembro de 2024 é a primeira vez em que esta dada é…
Qual é o lugar que a população negra ocupa no Brasil de hoje depois de…
Geneticamente falando, a cor da pele difere entre clara, escura, muito clara, muito escura. Enfim,…