“A pandemia segue cobrindo de luto mais de 3 mil famílias brasileiras por dia. Esse é o número de vítimas das torres gêmeas de Nova Iorque, destruídas em 11 de setembro 2001. Só que aquele 11 de setembro está se repetindo diariamente em nosso país”. Esta fala foi da jornalista Renata Vasconcellos, ao abrir a reportagem sobre a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus no Brasil, na edição de 21/04 do Jornal Nacional.
Além de ter que lidar com toda a dor do luto, as famílias sequer podem cuidar de seus doentes, sequer pode segurar suas mãos no momento derradeiro, e os velórios são feitos às pressas com um número bastante reduzido de pessoas. O ritual do velório, quando se olha para o corpo de alguém morto para a despedida, é a maneira de se compreender que de fato aquela pessoa se foi. Pular esse momento, além de agravar a dor, traz efeitos psíquicos indesejáveis, segundo o psicanalista Christian Dunker (capa).
“Para nossa realidade psíquica, admitir que a gente morre, o outro morre, que existe a morte, é algo muito difícil”, pontua. “Freud dizia que é algo no limite do inaceitável. Por mais que a gente sabe [da morte], a gente sabe disso para os outros, mas não sabe para si”. Estudos no campo da psicanálise apontam que parte das depressões mais difíceis de curar, por exemplo, decorrem de luto mal feito, mal elaborado, interrompido ou não reconhecido.
De acordo com Dunker, o luto é um processo de ressignificação da dor. “Quando a gente pode ter saudade de alguém, quando a gente gosta de lembrar de alguém, quando esse alguém se torna parte integrante de nossa jornada humana, é porque o luto terminou, que foi possível levar com a gente o essencial naqueles que nos antecederam”, conta. “Quando a gente tem numa família um corpo que é perdido, um velório que não é feito, uma despedida que não se realiza, ali, naquele espaço do irrealizável, muita coisa pode ser introduzida em um plano traumático. Em tese, é muito ruim quando a gente não tem esse momento da despedida e da experiência do corpo como morto”.
Brasil passa de 380 mil mortes por Covid; mais de 3 mil delas foram registradas nas últimas 24 horas. País contabilizou 14.122.116 casos e 381.687 óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia, segundo balanço do consórcio de veículos de imprensa. O balanço é feito a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.
Já são 91 dias seguidos no Brasil com a média móvel de mortes acima da marca de mil; o país completa agora 36 dias com essa média acima dos 2 mil mortos por dia. Nos últimos 26 dias, a média esteve acima da marca de 2,5 mil.
Balanço da vacinação contra Covid-19 desta quarta-feira (22/04) aponta que 27.523.231 pessoas já receberam a primeira dose de vacina contra a Covid-19, segundo dados divulgados até as 20h. O número representa 13% da população brasileira.
A segunda dose já foi aplicada em 10.947.310 pessoas (5,17% da população do país) em todos os estados e no Distrito Federal. No total, 38.470.541 doses foram aplicadas em todo o país. De ontem para hoje, a primeira dose foi aplicada em 349.900 pessoas e a segunda dose em 228.938, com um total de 578.838 doses aplicadas nesta quarta.
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