As condições sociais e econômicas que regem o mundo, sancionaram a existência da mulher com base na produção de seus filhos que serão posteriormente indivíduos da força de trabalho. E também na própria força de trabalho das mulheres para educarem os filhos enquanto cuidam dos afazeres domésticos, para que seus maridos não tenham que se preocupar com isso e assim se dediquem unicamente à produção de riquezas no país. Assim, ao longo de décadas, a mulher tem sido vítima dessa bem engendrada trama onde o “ser mãe” antecede obrigatória, social e culturalmente o “ser mulher”, uma pessoa única e dotada de sonhos que estão além da maternidade.
No imaginário popular, ao definir a palavra “maternidade” só se pensa em adjetivos lindos: amor, doação, aconchego, alegria, felicidade, satisfação e realização. Entretanto a maternidade não é nada romântica. Ela é pesada, demanda a responsabilidade de cuidar de outro ser que exigirá a sua total disponibilidade e tempo, durante 24 horas, de segunda a segunda. Não há nenhum problema em admitir que a maternidade é trabalhosa, que existe a exaustão, a preocupação e que isso trará mudanças dramáticas à vida de uma mulher. Reconhecer esses aspectos não significa que você é uma mãe má ou que você se arrependeu de ter tido filhos. Significa, apenas, que você compreende a maternidade na sua forma mais realista – o que inclusive é muito positivo, pois você estará mais preparada para enfrentar os desafios – com momentos amargos e doces, que haverá dias e noites mais fáceis e mais difíceis, que você se sentirá impotente e desesperada diante de uma dor de cólica porque já não sabe mais o que fazer, e que o jargão “vai passar” é mais uma maneira romântica de não encarar a realidade.
Ainda que a visão romântica da maternidade prevaleça, porque é bem real o sentimento de vergonha ao assumir que não é fácil ser mãe, aos poucos esse romantismo exacerbado vai sendo desmistificada por meio dos relatos de mães de todo o mundo nas redes sociais e blogs, como é o caso da corretora de imóveis, humorista e social mídia, Alynne Roberta. Ela fez um relato emocionante e nós decidimos compartilhar com vocês. Confira:
“Uma mãe pede socorro não por que não ama seus filhos! Uma mãe pede socorro por que sim, a maternidade cansa. Os desafios são enormes, multiplica-se quando se tem um filho especial. Hoje perdi o controle, sou contra bater, e hoje bati. Ninguém imagina a dor que estou sentindo.
Ele não escolheu vir autista, TDAH ou seja lá o que for. Ele só precisa de mim quando ele não sabe o que fazer. E hoje eu perdi o controle. E sabe? Tá tudo bem não dar conta de tudo. Eu estou exausta, sobrecarregada e por fim decepcionada. A raiz da decepção é a expectativa. Eu tinha colocado expectativa que as aulas iriam voltar e iria me aliviar um pouco. Mas ontem tive a notícia que a possibilidade das creches voltarem eram mínimas.
Tem dois anos que estou em casa, abri mão de tudo. Tenho tentando conciliar o trabalho, casa, filhos, terapias, redes sociais e as vezes sinto que falho miseravelmente. E tudo bem não dar conta de tudo. Ainda ouço gente falar que não amo meus filhos ou que se não quisesse isso, então que não tivesse filhos. Pois bem! Eu os tenho! São meus. Não estou entregando a responsabilidade de criá-los ou amá-los a ninguém. Eu só estou dizendo, assim com a voz de milhares de mães, que eu estou cansada! As coisas poderiam estar melhores para as mães! A maternidade cansa sim”.
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