Antes de seguir adiante com esta proposta de reflexão, gostaria de deixar claro que não estou me referindo à crianças atípicas, nas quais os jogos virtuais são opções terapêuticas e pedagógicas no auxilio às mães e professores.
Falemos então aos tutores não atípicos. A grande maioria dos psicopedagogos e demais profissionais da saúde mental e física da criança, é unanime na assertiva: ‘o acesso à Smartphones e tablets é muito prejudicial ao cognitivo e a socialização na primeira infância e pré-adolescência. Especialistas alertam que Transtorno de Dependência de Telas é real e pode danificar o cérebro da criança.
Até mesmo os criadores de toda essa parafernália eletrônica, tais como, Bill Gates, Steve Jobs, e muitos líderes das empresas renomadas do ‘Vale do Silício’ (paraíso em invenções tecnológicas) limitam o tempo que os seus filhos gastam frente às telas de um computador, telefone ou tablet.
Quando Nick Bilton, jornalista e colaborador do jornal The New York Times, em 2010 entrevistou Steve Jobs, perguntou: “Seus filhos devem adorar o iPad, não é verdade?”. A resposta de Steve Jobs foi: “Não usam. Nós limitamos a quantidade de tecnologia que as crianças podem usar em casa”.
Há várias reflexões em sua resposta, e uma delas é que as pessoas criadoras de tecnologia são as mais capazes de enxergar os perigos do seu uso constante, em especial, em cérebros em formação.
Pesquisas descobriram que os pais do Vale do Silício foram, e ainda são, bastante rigorosos quanto ao uso da tecnologia. Existe uma ótima causa por trás disso: o risco de depressão na criança até a oitava série é de 27% maior quando ela usa as tecnologias frequentemente. Crianças que usam telefones com acesso à internet são muito mais propensas à automutilação e ao autoextermínio.
Segundo à Organização Mundial de Saúde, o crescimento das estatísticas de depressão, atos e tentativas de suicídio e autolesão nos últimos anos coincidiu com o crescimento do uso de tecnologias digitais como smartphones, computadores e acesso à internet cada vez mais cedo. Não adianta ensinar seu filho a não conversar com estranhos e deixá-lo no quarto com acesso à internet e a possibilidade de conversar com centenas de estranhos. Das razões que levam crianças de 5 a 12 anos cometerem suicídios estão, os chamados ‘desafios’ da internet; o cyberbullying (Brasil é o 2º país com mais casos de bullying virtual contra crianças), a extrema ‘necessidade’ de aceitação/adoração/likes e toda essa “adultização” que está destruindo as crianças.
O cérebro da criança está em desenvolvimento e o excesso de estímulos oriundos da internet, pode torna-la hiperestimulada, ansiosa, adultizada e agressiva. Quanto mais barulho e cores, mais hiperestímos nocivos ela receberá. Portanto, quanto mais tarde entregar uma tela para seu filho, melhor. E se for entregar um celular ou um tablet antes dos 12 anos, que seja sem acesso à redes sociais: Youtube, Tik Tok, Discord, Instagram e etc.
Os pais são responsáveis por tudo que seus filhos assistem ou jogam em seus celulares e tablets. E por mais que confiem na educação que deram a ele, é imprescindível estarem atentos à maneira como o aparelho tem sido usado. As principais orientações para os pais neste sentido são:
Texto de Clara Dawn, neuropsicopedagoga e psicanalista, especialista em prevenção ao suicídio na infância e na adolescência.
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