A gente nem sempre vive onde mora. Por isso, não importa o lugar onde o corpo é habitante. Os pensamentos, as emoções e os sentimentos são a nossa casa, e é neles que vivemos ou deixamos de viver. A expressão “mente sã, corpo são” deve ser levada em conta, pois mente e o corpo dialogam sobre a saúde e/ou as doenças de nossas emoções.
Um exemplo simples desse diálogo é o modo como o corpo reage à ansiedade: o coração parece aumentar de tamanho e logo surge uma incômoda sensação de dor no peito; mãos e os pés tendem a ficar muito frios ou suados. Estes sintomas aparecem porque a partir dos pensamentos evocados por nossa mente colocamos o nosso corpo em funcionamento negativo ou positivo de acordo com o que lhe é transmitido mentalmente.
Nosso corpo é um barquinho a vela, guiado por nossos pensamentos, que são os ventos que chegam do Sul ou do Norte. Não se pode evitar a rotação dos ventos, mas podemos controlar a vela rumo à morada onde se vive, levando em conta que nem sempre a gente vive onde mora. Por isso não importa o lugar onde o corpo é habitante, é nos pensamentos que vivemos ou deixamos de viver.
Há momentos em nossas vidas em que todas as dores que nos alcançam, são transformadas em sofrimentos permanentes e não cíclicas. E o corpo – o nosso pobre barquinho – fica à deriva – adoece todo – às vezes morre. E como é triste conviver com um corpo morto. A mente, receptora de pensamentos, sentimentos e emoções, tenta dizer que algo está adoecido ali, e envia sinais adoecedores ao corpo. Sinais que geralmente são ignorados ou silenciados com subterfúgios anestesiantes
Entretanto, silenciar os sintomas é ignorar a existencial real de dores psicoemocionais. E ignorar dores psicoemocionais, é permitir que dores físicas amontoem. Por outro lado, a dor física também adoece a mente. E dói. Dói o corpo, doem as emoções, doem os sentimentos, doem os pensamentos. Tudo dói. Porque viver é um processo mental doloroso e não devemos jamais julgar aqueles que tentam (do seu jeito) amenizar a dor desse processo com medicamentos, comida, álcool, drogas, sexo, automutilação… Todos os sintomas merecem respeito, investigação e cuidado.
Outrossim, quase todas as coisas se pode aprender e apreender: gerenciar as emoções, os sentimentos e os pensamentos autodestrutivos é uma delas. Porque não é bom para nossa saúde integral, por causa da ingerência de nossas emoções, transformar o sofrimento em dor. Como escreveu Drummond, “a dor é inevitável, o sofrimento não”. E para não transformar tudo de ruim que nos acontece em sofrimento, há algumas coisas que se pode fazer. Ignorar dores psicoemocionais é deixar que dores físicas amontoem, desencadeiem. Não permita que isso aconteça. De que jeito?
Que tal assim?:
Ouça músicas eruditas em silêncio, tire uns minutos para meditação e/ou prece: você e o seu Poder Superior. Leia mais poesias e/ou cante. E quando não souber o que fazer e que pensar: adote para si uma playlist de bons pensamentos (mantras, orações, versos, canções…) e quando um pensamento negativo sobrevoar a sua cabeça, recorra a sua playlist. Acredite, não há nada que adoeça mais o nosso corpo do que a negatividade de nossa mente.
Este texto é de autoria da escritora, psicopedagoga e psicanalista Clara Dawn
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