Pais e Filhos

“A criança precisa ser educada a conviver com as pessoas e com os espaços de forma integrada” – Daniel Munduruku

“Um adulto que não viveu a sua infância vai ser sempre criança. Porque ele vai ficar o tempo inteiro buscando uma infância que não viveu. E o que uma criança precisa para crescer de maneira consistente? Ela precisa de espaço. Ela precisa de brincar. Precisa de jogos. Ela precisa desenvolver a sua criatividade. Educar para nossos povos é um processo para a formação do ser humano. E isso começa com a infância, começa com a criança. O indígena cresce de forma integrada com o todo. A criança indígena participa de todos os espaços. Porque numa comunidade indígena tudo é educativo. A criança precisa ser educada a conviver com as pessoas e com os espaços, não de forma separada, mas integrada”.

Esta proposta de reflexão é de Daniel Munduruku, renomado escritor brasileiro, pertencente ao povo Munduruku, indígena da Amazônia. Ele é conhecido por suas obras que exploram temas relacionados à cultura indígena, educação, meio ambiente e direitos humanos. Munduruku é um defensor da valorização e preservação das culturas indígenas no Brasil, e seu trabalho literário contribui significativamente para ampliar o entendimento e respeito pela diversidade cultural do país. Daniel Munduruku defende uma abordagem de educação que respeite e valorize a cultura e os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas. Ele enfatiza a importância de uma educação que seja inclusiva, intercultural e que reconheça a diversidade étnica e cultural do Brasil.

Para Daniel Munduruku, a educação das crianças deve ser holística, integrando os saberes ancestrais com o conhecimento formal, promovendo assim um diálogo constante entre diferentes formas de compreender o mundo. Ele critica a educação que marginaliza ou menospreza os conhecimentos indígenas, e propõe que as escolas valorizem e incluam esses saberes nos currículos educacionais. Além disso, Munduruku enfatiza a importância da relação harmoniosa com a natureza e o respeito ao meio ambiente como parte fundamental da educação das crianças, promovendo assim uma consciência ambiental desde cedo.

Brincar livremente contribui para a saúde integral e o desenvolvimento da criança

Para Daniel Munduruku, proporcionar um ambiente onde a criança possa brincar livremente é essencial para um desenvolvimento saudável e integral, contribuindo não apenas para as habilidades cognitivas, mas também para o bem-estar emocional e social ao longo da vida. O brincar livremente contribui para a saúde integral e o desenvolvimento da criança até a vida adulta de várias maneiras:

  • Desenvolvimento cognitivo: Brincar estimula a imaginação, a resolução de problemas, a experimentação e a criatividade, fundamentais para o desenvolvimento cognitivo.
  • Desenvolvimento físico: Brincadeiras ao ar livre, por exemplo, promovem o desenvolvimento motor e a coordenação física.
  • Desenvolvimento emocional: Brincar ajuda a criança a explorar emoções, a desenvolver empatia e habilidades sociais ao interagir com outras crianças.
  • Redução do estresse: O brincar livre é uma forma natural de reduzir o estresse e a ansiedade, proporcionando um momento de relaxamento e prazer.
  • Autoconfiança e autonomia: Ao decidir como brincar e explorar, a criança desenvolve sua autoconfiança e senso de autonomia, preparando-a para enfrentar desafios na vida adulta.

Como os pais podem favorecer um ambiente onde se possa brincar livremente

O transtorno de uso de telas na infância refere-se ao uso excessivo e descontrolado de dispositivos eletrônicos, como smartphones, tablets e computadores, por crianças. Especialistas alertam que o tempo excessivo diante das telas pode ter diversos impactos negativos no desenvolvimento físico, mental, emocional e social das crianças. Para favorecer um ambiente onde a criança possa brincar livremente longe das telas, os pais podem considerar as seguintes práticas:

  • Espaço seguro e estimulante: Providenciar um espaço seguro, seja dentro de casa ou ao ar livre, onde a criança se sinta à vontade para explorar e brincar sem muitas restrições.
  • Tempo e liberdade: Permitir que a criança tenha tempo livre para brincar sem a pressão de atividades estruturadas ou agendas apertadas.
  • Materiais diversos: Oferecer uma variedade de materiais e brinquedos que incentivem a criatividade e a imaginação, como blocos de construção, fantoches, tintas, instrumentos musicais simples, entre outros.
  • Participação dos adultos: Participar ocasionalmente das brincadeiras, sem dominar o espaço, mas mostrando interesse e apoiando a criatividade da criança.
  • Estimular o contato com a natureza: Incentivar brincadeiras ao ar livre, em parques, jardins ou na natureza, proporcionando experiências sensoriais e de descoberta.

É urgente limitar o tempo de tela para crianças por várias razões:

Existem diversos exemplos e estudos que demonstram os impactos negativos do uso abusivo de telas na saúde física, mental e social das crianças ao redor do mundo. Aqui estão alguns exemplos:

  • Impacto na saúde física: O uso prolongado de telas está associado a problemas de visão, distúrbios do sono devido à exposição à luz azul, sedentarismo e obesidade infantil.
  • Desenvolvimento cognitivo: O tempo excessivo de tela pode prejudicar o desenvolvimento da atenção, concentração e habilidades cognitivas essenciais para aprendizagem e desenvolvimento acadêmico.
  • Impacto no desenvolvimento emocional e social: Crianças que passam muito tempo em telas têm maior probabilidade de desenvolver dificuldades emocionais, como ansiedade e depressão, além de problemas de socialização e habilidades sociais limitadas.
  • Prevenção de comportamentos viciantes: O uso excessivo de telas pode levar ao desenvolvimento de comportamentos viciantes e compulsivos desde cedo, dificultando a capacidade da criança de se engajar em outras atividades importantes para seu desenvolvimento.

Mitigando o vício em telas e promovendo um espaço integrado entre educar e brincar

As reflexões propostas por Daniel Munduruku, podem inspirar os pais a criarem um ambiente mais equilibrado para as crianças, onde o tempo de tela é limitado de forma consciente, enquanto se promove atividades que contribuem para um desenvolvimento integral e saudável. Aqui estão alguns benefícios desta necessária abordagem:

Promoção de atividades alternativas: Daniel Munduruku incentiva o brincar livre como uma atividade que estimula a imaginação, a criatividade e o desenvolvimento saudável das crianças, proporcionando uma alternativa atrativa ao uso de telas.

Valorização do contato com a natureza: Ao enfatizar a importância de atividades ao ar livre e em contato com a natureza, Munduruku incentiva um estilo de vida mais ativo e equilibrado, que naturalmente limita o tempo de tela.

Educação intercultural: A abordagem de Munduruku valoriza a diversidade cultural e os saberes tradicionais, oferecendo às crianças uma educação mais rica e ampla, que inclui não apenas o mundo digital, mas também os conhecimentos ancestrais e a relação respeitosa com o ambiente.

Portal Raízes

As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

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