Ted Huston, professor de psicologia e ecologia humana da Universidade do Texas, após seu projeto de pesquisa em 1981, que acompanhou e analisou, em 4 condados da Pensilvânia, 168 casais desde o início dos seus casamentos até 13 anos depois, chegou a algumas conclusões muito importantes e afirmou que “Os primeiros dois anos são fundamentais (num relacionamento). As mudanças que ocorrem nesse período revelam muito sobre o destino do casamento”.
Através de múltiplas entrevistas, Huston analisou a forma como os parceiros se relacionavam durante o namoro, como recém-casados e durante os primeiros anos de casamento. Eles estavam confortáveis? Eles se tocavam mais? Eles se respeitavam mais? Ambos tinham interesse e se esforçavam para o equilíbrio da relação? O médico então mediu os sentimentos positivos e negativos que os cônjuges tinham um pelo outro e observou como esses sentimentos foram mudando ao longo do tempo. Será que os recém-casados que se abraçavam e se beijavam constantemente tiveram maior probabilidade de permanecerem juntos depois do segundo ano de casados?, se perguntou ele, ou esses casais são particularmente suscetíveis ao divórcio se o afeto físico acabar? E os recém-casados que brigam estão destinados a se separar?
O que seus anos de recém-casado predizem sobre o futuro do seu relacionamento?
Pesquisas anteriores levaram os cientistas sociais a acreditar que os recém-casados começam a sua vida juntos em felicidade romântica, e podem depois ser derrubados pela sua incapacidade de lidar com as questões que inevitavelmente surgem durante o casamento. Quando Benjamin Karny e Thomas Bradbury fizeram uma revisão abrangente da literatura em 1995 e confirmaram que os maiores preditores do divórcio são dificuldades interativas, tais como expressões frequentes de disputas, de quem faz mais pelo relacionamento, falta de respeito pelas ideias uns dos outros e questões interpessoais não tratadas individualmente. Mas a maior parte dessa pesquisa de Benjamin e Thomas, foi feita em casais que estavam casados há vários anos, e muitos deles já estavam a caminho do divórcio. Não foi nenhuma surpresa, então, que os pesquisadores pensassem que a hostilidade mútua previa o fim do relacionamento.
Entretanto, o estudo de Ted Huston foi único que analisou casais muito antes, quando estavam namorando e durante os primeiros anos de casamento, fornecendo assim o primeiro quadro completo dos primeiros estágios de sofrimento. Suas quatro principais descobertas foram bastante surpreendentes.
Primeira: Ao contrário da crença popular, Huston descobriu que muitos recém-casados estão longe de estar completamente apaixonados.
Segunda: Os casais cujos casamentos começam numa felicidade romântica são particularmente mais propensos ao divórcio porque essa intensidade é demasiadamente difícil de manter. Acredite ou não, os casamentos que começam com menos “romance de Hollywood” em geral têm um futuro mais promissor.
Terceira: Os cônjuges em casamentos duradouros, mas sem paixão não são propensos ao divórcio, como se poderia suspeitar. Para começar, seus casamentos são menos gratificantes, portanto não há erosão de um ideal romântico.
Quarta: Ted observou que na maioria dos casais que se separam ao longo de 13 anos, não foram por causa das brigas, o bate-boca, as ofensas, os desajustes entre as personalidades, mas porque o amor e o afeto se dissiparam e com eles, a vontade de lutar pelo relacionamento.
No final do estudo de Huston, em 1994, os casais pesquisados se dividiram em quatro grupos: os casados e felizes; os casados e infelizes; os divorciados precocemente, no prazo de sete anos; e os divorciados mais tarde, após sete anos. E cada grupo apresentava um padrão distinto.
Aqueles que permaneceram casados e felizes estavam muito “apaixonados” e afetuosos como recém-casados. Mostraram menos ambivalência, expressaram sentimentos negativos com menos frequência e viam o seu companheiro de forma mais positiva do que outros casais. Mais importante ainda, estes sentimentos permaneceram estáveis ao longo do tempo. Em contraste, embora muitos casais que se divorciaram mais tarde fossem muito afetuosos como recém-casados, gradualmente tornaram-se menos amorosos, mais negativos e mais críticos em relação ao cônjuge.
Na verdade, Huston descobriu que a forma como os cônjuges se davam bem enquanto recém-casados afetava o seu futuro, mas o principal fator de distinção entre aqueles que se divorciaram e aqueles que permaneceram casados foi a quantidade de mudanças na relação ao longo dos dois primeiros anos.
“Os primeiros dois anos são fundamentais – é quando o risco de divórcio é particularmente elevado. E as mudanças que ocorrem durante esse período nos dizem muito sobre o rumo que o casamento está tomando”, diz Ted Huston
O que mais surpreendeu Huston foi a natureza das mudanças que levaram ao divórcio: as experiências dos 56 casais participantes que se divorciaram mostraram que a perda dos níveis iniciais de amor e afeto, em vez do conflito, foi o fator mais saliente de angústia e divórcio. Esta perda envia a relação para uma espiral descendente, levando ao aumento de disputas e lutas, e ao colapso da união.
Como aumentar ou fortalecer o amor?
É possível fortalecer o amor, desde que os cônjuges estejam realmente interessados no sucesso do relacionamento e se esforcem para fazer o parceiro (ou parceira) feliz. Fazer o parceiro feliz, aliás, é uma das melhores maneiras de aumentar o amor num relacionamento. Aqui estão sugestões sobre como fortalecer a conexão afetiva no relacionamento.
Pratique o perdão: Ressentimento, raiva e culpa são reações normais quando seu ente querido faz algo que magoa. Sem perdão, porém, pequenas mágoas e traições podem destruir um relacionamento. As pessoas que não perdoam muitas vezes têm dificuldade em manter sentimentos positivos no relacionamento. Mas as pessoas que avançam em direção ao perdão são mais capazes de manter uma ligação positiva porque tomam uma decisão consciente de conversar, relevar e seguir adiante.
Seja realista: Todo relacionamento de longo prazo terá sua cota de decepções. Mas aprender a olhar além de uma determinada fase ruim para ver a união de maneira objetiva e amorosa pode ajudar a buscar a melhor maneira de sair de uma crise. Nutrir memórias de momentos felizes que passaram juntos pode ajudá-los a superar a irritação e aqueles momentos em que você está se perguntando se deseja continuar no relacionamento.
Desenvolva rituais: A maneira como o casal se despedem ou como comemoram aniversários ou datas especiais ano após ano, pode ajudar a construir uma conexão forte que pode mantê-los emocionalmente comprometidos em tempos de conflito. Por exemplo, reservar um tempo para dar um beijo de despedida todas as manhãs quando você sai para o trabalho – não importa o quão atrasado ou distraído você esteja – diz a pessoa amada que o relacionamento é uma alta prioridade.
Ouça ativamente: Intervir e interromper quando a pessoa está tentando lhe dizer algo pode deixá-la frustrado ou desanimada com a relação. É crucial ouvir mais do que falar quando você está tendo uma discussão séria.
Seja honesto: Segredos e mentiras enfraquecem a base de qualquer relacionamento. Ignorar os problemas (outra forma de guardar segredos) não faz com que desapareçam. O importante é uma comunicação respeitosa e aberta em relação aos seus sentimentos e sonhos.
Luta justa: Até os amigos mais verdadeiros e os parceiros mais compatíveis discutem. Para evitar que suas divergências prejudiquem seu relacionamento, estabeleça algumas regras básicas respeitosas durante um momento de calma. Isso pode incluir não xingar ou criticar, garantir que cada pessoa tenha uma palavra a dizer, realmente ouvir uns aos outros e fazer uma pausa na discussão se ela ficar muito acalorada, desde que você prometa revisitar as questões dentro de um dia. ou dois.
Não hesite em procurar ajuda: Se vocês continuarem tendo as mesmas discussões sem nenhum progresso à vista, procure a ajuda de um terapeuta ou conselheiro matrimonial. Acima de tudo, não espere até que a conexão seja seriamente danificada antes de procurar ajuda. Obtenha aconselhamento antes que um ou ambos fiquem enraizados em emoções negativas e o relacionamento entre em colapso e fim.