Retrato – poema de Cecília Meireles – se estrutura na comparação de como a pessoa era no passado e como ela é no presente: rosto calmo, triste e magro; mãos paradas, frias e mortas; olhos vazios; lábio amargo; mudança simples, certa e fácil. As palavras em destaque (calmo, triste, magro, vazios, amargo, paradas, frias, mortas, simples, certa e fácil) são nomeadas por adjetivos e servem para expressar características, qualidades (ou defeitos) e estados dos seres. Fonte – No vídeo, o ator Ivan Lima dá voz e interpretação às lembranças poéticas de Cecília Meireles, confira.
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles MEIRELES, C. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.