Eu tenho muita sorte de ser loucamente feliz na minha vida. E acho que estou mais feliz agora do que nunca; é que estou mais contente. Estou no porto da minha vida. Uma grande parte disso é o meu casamento. Meu marido, Danny, realmente iluminou minha vida. Tenho experimentado todas as pequenas coisas de ser casada, essas coisas alimentam a minha vida. Não a mudaram tanto, apenas a alimentaram de uma forma surpreendente.
Danny me faz sentir o meu eu mais confortável. Eu não me altero de forma alguma. E ele aponta aspectos de mim, bons e ruins, que talvez eu não preste atenção. Ele brilha a luz, então eu posso realmente ver o que está lá e não me esquivar disso.
É claro que eu gosto de ser amada, mas também gosto que as coisas sejam corretas. Eu realmente não consigo evitar. isso. Porque eu sou um oradora simples e digo o que penso. Eu tento ser atenciosa com minhas palavras e não sair do controle, mas sou bastante direta. Nem todo mundo gosta de mim e está tudo bem.
O que eu odeio é ter que ser perfeita em todos os sentidos, ou senão ridicularizada. Hoje você tem que ser perfeita e fabulosa em todos os sentidos, ou será ridicularizada. Hoje as conversas não são mais sobre a estreia do filme. É sobre o que eu vesti e quem desenhou o meu vestido. Eu nunca gostei de ser rotulada de ‘a queridinha da América’. Porque é tudo uma projeção, e uma projeção é muito mutável. A projeção não vem tanto do que estou fazendo, mas sim do ponto de vista da pessoa que me projeta. A primeira vez que me chamaram de ‘a queridinha da América’, de alguma forma, pensei que isso significava que eu era pequena. A palavra queridinha não soa tão doce e pequenininha?
Então veio o rótulo de ‘maior estrela feminina de bilheteria’. Isso parece tão grande. E isso me faz rir. E como sabemos que é verdade? Só porque é isso que estão dizendo? E se eles não dissessem quem ganhava mais? E se não dissessem que essa pessoa é a mais bonita ou a mais estilosa? Como saberíamos? Nós apenas teríamos que ter uma opinião sobre ela, por nós mesmos.
Eu decidi há um tempo atrás que vou realmente me importar com o que as pessoas pensam de mim e não preciso. Não estou investindo tempo em entender a relação entre quem eu sou e quem as pessoas podem achar que eu sou. Quando as pessoas dizem ‘ela é isso’ ou ‘ela é aquilo’, eu não posso fazer nada. Mas eu não quero que as pessoas leiam esse artigo e fiquem tipo, ‘Uau, ela é interessante de uma forma que eu nunca percebi’.
Se eu afirmar que tenho total alegria, admiração vertiginosa por ter um emprego que é o sonho completo da minha vida, estarei fingindo. Eu me visto com roupas que não são minhas. Quando estou trabalhando, trabalho muito. Estou pronta. estou na hora. Estou preparada. Então naquele momento eu estou feliz. Eu estou em tudo. Acho que algumas pessoas diriam que sou dura, rígida ou intensa, o que secretamente me faz rir. Tudo bem ser autoritária sobre uma situação e não se preocupar se as pessoas vão gostar de você ou não.
Eu tenho 55 anos e verdade do que a gente vê, como a gente a entende e o peso das coisas ficam mais claras com a idade. E nesse momento você quer ser capaz de desempacotar tudo e você pensa: Por que eu deixaria de viver uma vida feliz para fingir estar feliz na vida que exponho?
Dizem que a gente é tão feliz quanto o nosso filho menos feliz. Então, quando há harmonia na casa, quando você sai e sente muita falta daquela rotina que você vive reclamando no dia a dia, e quando volta, tudo meio que rebrilha, você sabe que ali é o seu porto e naquele instante você tem certeza de que, o que quer que aconteça, vai acontecer, esteja você sentada ao lado do telefone, ansiosa e preocupada com isso ou não.
Julia Roberts tem 55 anos e é casada desde 2002 com o diretor de fotografia Daniel Moder, 54. Foto de capa: Nesta foto tirada em 2019 o casal aparece com os gêmeos Hazel e Phinnaeus, então com 14 anos, e o caçula Henry, então com 11. Excertos de entrevistas com a atriz Julia Roberts. Traduzidos e adaptados por Portal Raízes. Publicados originalmente nas seguintes fontes: Ophah, Variet, New York Times, Vogue.
