“Infelizmente meu casamento acabou, e só ele ama sozinho” assim escreveu uma leitora (anonimamente) de Fabrício Carpinejar. Veja abaixo a resposta do autor:
Querida leitora, como você relatou tudo o que não aguentava mais na relação, ele absorveu que o quadro era reversível. Tratava-se de um desabafo, não de um pedido para salvar a convivência.
Você não estava querendo que ele mudasse, mas explicando o motivo do término. Homem se faz de desentendido no aperto para ganhar uma nova chance. É um déficit de atenção planejado com o objetivo de conquistar sua compaixão. Não caia na cilada. Diga que não ama mais. Não tenha medo de usar exatamente essas palavras, É a pá de cal nas pretensões de uma reconciliação.
O que ele deve aceitar é que o problema agora não é ausência de agenda social ou de viagens, é que o amor acabou. Antes, essas falhas tinham sentido. Hoje são constatações moribundas.
É natural que ele apresente disposição para recuperar o tempo perdido, já que não esteve presente e não se encontra exausto de esperança.
Toda ausência é otimista, acreditando que há ainda jeito de preencher os vazios e de consertar o passado com promessas.
Só que você esteve inteiramente presente e não aguenta mais. Não suporta sequer fiscalizar se ele vai cumprir as suas palavras. Cansou de ser babá de marido. Cansou de viver o que sobrava do casamento.
Adeus é coragem. Deixe ele amar sozinho. Será bom para ele descobrir o que é solidão, o que é saudade. Não sofra mais desejando protegê-lo. Realize terapia unicamente para si mesma. Talvez ele assim prove do sabor do silenciamento que amargou nos vinte e dois anos juntos.
Abraço,
Fabrício Carpinejar