16 de novembro é o Dia Nacional de Atenção à Dislexia. Eu tenho dislexia. Aprendi a ler e a escrever aos 8 anos e aos 12 ainda estava na quarta-série. Minhas notas sempre foram na média. E até hoje, mesmo sendo pós-graduada e tendo 8 livros publicados, eu lido com as dificuldades desconfortantes de uma disléxica, tais como: soletrar, identificar fonemas e associá-los às letras, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos, trocar, inverter, omitir ou acrescentar letras e sílabas ás palavras.
Eu não tenho vergonha em dizer que sou disléxica. Porque, além de vivenciar a dislexia em minha própria vida, eu estudo sobre ela. E como neuropsicopedagoga disléxica que eu sou, é que afirmo que a dislexia não é uma doença mental, não é deficiência intelectual, não é uma doença física, não é culpa da criança, não é culpa da professora, não é culpa de ninguém.
Então, o que é a dislexia?
A dislexia é entendida como um distúrbio na aprendizagem na área da
leitura, da escrita e da soletração, diagnosticada no início do processo de
alfabetização. A dislexia é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, é um problema neuronal: quando alguns circuitos neuronais não funcionam. E vários estudiosos concordam que a sua causa é cromossômica hereditária.
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) 10 a 17% da população mundial tem dislexia e pode persistir até a vida adulta. Muitas pessoas podem ter dislexia e acreditar que é um simples travamento linguístico com erros de português. Engana-se quem pensa assim. No Brasil, aproximadamente, 4% da população é disléxica, o que equivale a 7,8 milhões de pessoas.
Quais são as características da dislexia?
Além de apresentarem problemas com a coordenação motora, os indivíduos com dislexia também têm dificuldades:
- Ler, escrever e soletrar;
- Entender textos escritos;
- Identificar fonemas e associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações;
decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos
(discalculia); - Perceber a ortografia: trocam, invertem, omitem ou acrescentam letras e
sílabas (disgrafia); - Organizar tempo e espaço.
Diagnóstico e tratamento
A dislexia, como os transtornos do neurodesenvolvimento, não tem cura, mas um processo de intervenção com uma equipe multidisciplinar: a família, a escola, neuropsicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e o neuropediatra, permite alcançar um desenvolvimento adequado das habilidades escolares e de toda a vida do disléxico. Em resumo: a dislexia é só um jeito de ser! Tratemos de nossas crianças com a única pedagogia que funciona que é a do amor. Se ela não funcionar, nada mais funciona. ( Para saber tudo sobre dislexia, acesse o site da Associação Brasileira de Dislexia).
Texto de Clara Dawn, escritora,neuropsicopedagoga, psicanalista, especialista em prevenção à drogadição, aos transtornos mentais e ao suicídio na infância e na adolescência. Clara Dawn é fundadora do Portal Raízes e presidente do IPAM – Instituto de Pesquisas Arthur Miranda em prevenção ao suicídio.