“Se a Copa América acontecer no Brasil, pode ser gota d’água para 3ª onda estourar”. A avaliação é do médico Miguel Nicolelis, professor de Neurociência da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. Em entrevista à BBC News Brasil, o médico defende que alguma medida legal precisa ser tomada para impedir a realização da competição aqui e, caso ela venha ocorrer mesmo assim, que a população boicote o evento.

Na manhã de segunda-feira 31/05, a Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) anunciou a transferência da Copa América para o Brasil, e Nicolelis disse:

“Isso é um chute na boca dos brasileiros que perderam familiares, de todos nós que estamos há 14 meses em quarentena em casa. Mas era previsível. Nós viramos o escoadouro do lixo do planeta. Tudo que não deve ser feito em questão de pandemia está sendo feito aqui. Essa notícia já correu o mundo, e ninguém consegue acreditar que o segundo país em número de mortes vai sediar um evento continental”.

Originalmente, a Copa América teria duas sedes – Argentina e Colômbia. Mas a Conmebol anunciou em 20 de maio que não haveria mais jogos na Colômbia por causa da série de protestos contra o governo do país, que têm sido violentamente reprimidos.

A segunda sede, a Argentina, enfrenta “o pior momento da pandemia”, segundo palavras do próprio presidente Alberto Fernández. Pesquisas apontavam que a maioria da população era contra a realização da Copa América.

A Conmebol disse que, após ser tomada a decisão de que o país não sediaria mais o torneio, procurou o governo brasileiro por meio do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “imediatamente apoiou a iniciativa, com a aprovação dos Ministérios da Casa Civil, da Saúde, das Relações Exteriores e da Secretaria Nacional do Esporte”, disse a Conmebol.

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