A Polícia Militar de Campinas, no interior de São Paulo, resgatou no final da tarde de sábado (30) uma criança de 11 anos que era mantida em cárcere privado dentro de um barril de ferro, amarrada e com o tampo fechado por uma peça de mármore.

Uma denúncia anônima levou os policiais até o local, um barraco que fica no Jardim Itatiaia, periferia da cidade. Segundo o 2° Sargento Mike Jason, que acompanha a ocorrência, a situação em que o menino foi encontrado era “desoladora”.

Segundo informações do Uol, uma jovem que estava no hospital no momento que o menino chegou contou que ouviu ele conversando com as enfermeiras e disse que era mantido no barril vários dias, não seguidos.

“Ele disse que viu os fogos de artifício da virada do ano pela fresta que ele tinha acesso, mas dentro do barril”, afirmou a moça, que pediu para não ser identificada.

“Quando chegamos, tivemos que usar ferramentas para cortar cabos que o mantinham amarrado. Era uma construção que ficava no topo do barraco, sujeito ao sol —e fazia muito calor quando chegamos, e também à chuva”, disse o 2° Sargento Mike Jason.

Recorrente

A polícia apurou que o garoto era mantido em situações similares há pelo menos sete anos, quando foi adotado pela família.

A mãe biológica, uma usuária de drogas, afirmava que o homem era o pai biológico do garoto. Um teste foi feito na época, constatando que não era verdade. Mesmo assim, a mãe abandonou o menino com este homem, e ele foi adotado, segundo apuração, pelas vias oficiais.

O pai adotivo, a mãe e a filha do casal foram levados à 2ª Delegacia de Defesa da Mulher de Campinas. Os depoimentos duraram cerca de quatro horas. O UOL apurou que eles contaram a mesma versão dada aos policiais militares no momento do resgate. O menino teria um problema psiquiátrico tinha “surtos”. Para controlá-los, a decisão foi colocá-lo em um barril para que se acalmasse.

“O garoto disse à equipe de enfermagem que o pai jogava água sanitária e água fria para dar banho nele. Aquilo me fez chorar”, completou a fonte ouvida pela reportagem no hospital.

Até o fechamento desta reportagem, não havia um boletim oficial sobre o estado de saúde do garoto. Mas fontes disseram que ele está “bem, na medida do possível”. Ontem se alimentou com comida, e agora está no soro para sair do estado de desidratação extrema. A alta hospitalar só deve ser dada depois que ele estiver em um peso considerado “ideal”.

A família do garoto foi indiciada por tortura —mãe e filha por omissão. A pena pode variar de dois a oito anos de prisão. Os três estão à disposição da justiça. A Polícia Civil não informou para quais unidades prisionais eles foram levados.






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