A solidão deliberada é uma benção. Você escolhe se isolar num canto qualquer para descansar, para meditar, para refletir, para desintoxicar, para praticar o nadismo, para colocar sua lista de leituras ou de músicas em dia, para se ausentar de pessoas desagradáveis, para se curtir, se cuidar, se dar um tempo… não importa, a escolha foi sua, então não é certo que se espera coisas boas desse tipo de solidão.

Entretanto, essa solidão, esse isolamento e distanciamento social que somos obrigados a lidar, por causa da pandemia de covid-19, é angustiante e quase insuportável. Enfase no ‘quase’, pois não existe sofrimento insuportável, deveras. Quem vivenciou um tormento insuportável certamente não sobreviveu para contar como é. É verdade que saber disso não nos consola, já que essa coisa de estarmos tantos meses vivendo em acrisolamento social sem esperanças de quando as coisas vão melhorar, temendo sempre –  sermos contaminados e morrer  ou – sermos contaminados e sermos assintomáticos e passarmos o vírus adiante à pessoas que amamos e uma delas fenecer. Outrossim, como lidar com essa terrível sensação de solidão da maneira mais saudável possível?

A terrível sensação de solidão pode afetar a mente e corpo

O isolamento social tem alterado as percepções dos indivíduos neste tempo de pandemia. É comum ouvir as frases: “Não sei mais o que fazer na quarentena”,“preciso sair de casa”, “não suporto mais ficar aqui”, entre tantas outras frases. Quebrar as recomendações acerca do isolamento coloca em risco as medidas preventivas, e o que muitos não sabem é que é possível sim aprender com a quarentena adotando apenas hábitos simples e saudáveis, como explica a médica psiquiatra Thais de Carvalho Campos Vilela, num artigo publicado no site da Secretaria de Comunicação de Rondônia.

O primeiro passo, segundo ela, é entender a importância do isolamento nesse momento de combate à Covid-19, deixando de lado a percepção ruim e se abrir a novos aprendizados: “É necessário cuidar da mente neste período, devido ao bombardeio de sentimentos causados pelas informações negativas. Podemos aprender muito com o isolamento se adortamos novos hábitos”, explicou a médica.

Entre os sentimentos mais citados estão o medo, a ansiedade, tristeza, pânico, depressão, entre outros problemas. O medo, segundo especialistas, é um dos principais por criar pânico e alterar os batimentos cardíacos no individuo, já que libera o hormônio da adrenalina, fazendo a mente reagir como se estivesse em perigo.

“Diariamente temos acesso a inúmeras informações que contribuem com o aumento do sentimento de medo. Por isso é importante ter um equilíbrio no consumo dessas notícias e agir sempre com cautela. Precisamos redobrar a atenção, mantendo sempre a calma e evitando o pânico”, alertou a médica.

Mas saber lidar com esses sentimentos não é tarefa fácil, por isso os especialistas citam algumas recomendações que podem ajudar.

CRIE NOVOS HÁBITOS

Pequenas atitudes contribuem com grandes mudanças, explica a médica. Adotar ou retomar a prática de hábitos saudáveis ajuda no equilíbrio da mente e do corpo. Ler um livro, escrever poemas ou textos, fazer uma pintura, ajudar pessoas que estão passando necessidades, entre outras ações são os primeiros passos para a mudança.

“Fazer atividades que tragam prazer e relaxamento ajudam nesse processo, como por exemplo fazer videochamadas com amigos e familiares, praticar atividades físicas no quintal de casa, além de fazer cursos onlines ou até mesmo aprender um novo idioma, são ótimos para ajudar no isolamento”, destacou.

TENHA EQUILÍBRIO

Assim como a alimentação, vida pessoal e profissional, a mente também precisa de equilíbrio. O consumo exagerado de informações negativas traz uma série de prejuízos conforme explicado pela especialista.

“Mesmo sendo um cenário preocupante, temos visto muitas coisas positivas, como pessoas que estão sendo curadas, voluntários que estão ajudando o próximo, dentre outras ações. O ideal não é ignorar as informações, mas saber filtrar os acontecimentos e aprender com eles”, relatou.

ADOTE UMA ROTINA

Com mais tempo em casa, as tarefas e obrigações aumentam. O momento é propício para aproximar os laços entre os membros da casa. afirma Thais. “Adotar uma rotina ajuda para que todos possam fazer atividades e compartilhar isso. Investir em brincadeiras, jogos educativos ou conversar sobre momentos em família  gera aproximação e conhecimento sobre cada um”, frisou.

CUIDE DE SI E DOS DEMAIS

Para quem perdeu um parente, amigo ou familiar nesse momento, lidar com a dor tem sido sacrifício. Fugir do luto só piora a dor, é importante enfrentar, entender e aprender a lidar com as emoções.

PROCURANDO AJUDA PROFISSIONAL

Além dessas recomendações, é importante saber quando procurar ajuda, afirma o médico psiquiatra Diones Carvalho. “Quando os sintomas começam a se agravar gerando perda do sono, de apetite ou aumento da fome, além da ansiedade, sensação de formigamento, aumento dos batimentos cardíacos, entre outros, é importante procurar ajuda profissional para receber orientações de como iniciar um tratamento adequado”.






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