Certamente que, ao menos uma vez na vida, ouvimos alguém nos dizer que a nossa saúde emocional e espiritual está diretamente ligada à saúde de nosso estado físico. Por mais que o assunto levante opiniões divergentes, para apoiar esse conceito, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, introduziu uma nova disciplina optativa na grade curricular: Medicina e Espiritualidade.

Alguns aspectos importantes para se viver plenamente incluem aprender a cuidar do interior, perdoar, liberar sentimentos e pensamentos negativos e despertar a consciência. Essas práticas estão diretamente relacionadas ao entendimento espiritual.

“Na Europa e nos Estados Unidos, cerca de 80% das faculdades já têm essa cadeira no currículo. No Brasil, ainda estamos devagar”, diz José Genilson Ribeiro, coordenador da disciplina na UFF, que também explica como funciona o ensino:

“Acreditamos que a doença começa na alma, instala-se no corpo físico, e que é preciso tratar o paciente de maneira integral. Não basta tratar o efeito da doença, mas os aspectos totais. Muitas pessoas têm mágoas e não conseguem perdoar. Isso as deixam presas em suas dores, o que dificulta a melhora física”, assegura.

Os professores que lecionam Medicina e Espiritualidade são guiados pela ideia de “medicina integrativa”, seguindo a proposta da Carta de Ottawa, de 1986, que tem o objetivo de contribuir com as políticas de saúde em todos os países, de maneira igualitária. De acordo com o documento, a verdadeira saúde é uma consequência do bem-estar físico, psicológico, familiar, social e espiritual.

A proposta do tema existe desde 1998, levantada pela OMS, a inclusão da dimensão espiritual do ser à sua definição de saúde, convidando-nos a repensar o paradigma científico frente ao diálogo com o sentido espiritual da vida

Carmita Abdo, psiquiatra, diretora da Associação Médica Brasileira (AMB) e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), diz que o ponto de vista da disciplina é comprovado, e contextualiza sua opinião:

“As emoções levam a modificações de substâncias no organismo. Quando liberamos ocitocina e endorfina, elas nos levam à melhora na imunidade e às sensações de bem-estar. O contrário ocorre com sensações negativas, que liberam substâncias que baixam a imunidade. Com o perdão não é diferente. Quando perdoamos alguém temos a sensação de alívio, de gratificação, o que é revertido em ocitocina”, diz.

Acredita-se que matéria trará um atendimento mais humanizado, de médicos mais conectados com seus pacientes, mais empáticos e capazes de promover não apenas uma cura física, mas também auxiliar-nos na cura espiritual.






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