A depressão é um transtorno mental bastante comum atualmente. Segundo o Ministério da saúde, estima-se que, na América Latina, 24 milhões de pessoas sofram com a doença. Num episódio depressivo a pessoa pode se sentir sem energia, com o humor afetado, sem interesse e sem vontade de fazer tarefas comuns da sua rotina, além dos sintomas físicos como dor de cabeça e dor de estômago.
Pessoas que superaram uma depressão não são feitas de material especial . Eles não são super mulheres ou super homens. Eles são amigos, parentes, colegas de trabalho, adolescentes, idosos e até crianças, que aprenderam com a evolução da doença a enfrentar a vida de uma maneira mais significativa, pois a depressão em si mesma é um sentimento de falta de sentido para todas as coisas existentes.
Esse aprendizado não deve cair no ostracismo da teoria. Sendo assim, as pessoas que venceram a depressão, tornam esse aprendizado em prática até que se torne uma rotina, até ela percebe que a depressão está sob o seu total controle e não ela sob a dominação da depressão. Além disso, algo que elas entendem é que a depressão é uma doença crônica e/ou recorrente. Como tal, requer inteligência, ambição, compromisso e habilidade na gestão, tanto de emoções quanto de pensamentos. Implica aprender a viver com essa sombra, mas não permitir que ela a defina como uma pessoa sempre depressiva. Vejamos a seguir, quais as estratégias que pessoas que superaram uma depressão usaram:
1. Elas decidiram enfrentar a apatia com novos interesses
Tristeza, perda de interesse e apatia. Essas dimensões compõem a tríade sombria de grande parte das depressões. Pessoas que já superaram a depressão, fazem mudanças em seus hábitos diários para encontrar novos incentivos. Elas compartilham seu tempo com pessoas positivas, com bons amigos. Assim, quando a apatia aparece, a fadiga que desliga a mente e o corpo, devemos reagir procurando novos interesses: inscreva-se em cursos, incorpore novas atividades em sua rotina, trabalhos voluntários, atividades artísticas como dança, canto, música ou até mesmo culinária, bordados, costuras, etc.
2. Eles sabem reconhecer gatilhos e não dão espaço para pensamentos ruminantes
O pensamento ruminante (repetitivo e negativo) é a bola que fica no pilar de uma depressão. Esses são os momentos em que começamos a ficar obcecados com os erros, antecipando os eventos, atraindo fatalidades e nuvens negras para dias brilhantes. Não é adequado. As pessoas que superaram uma depressão sabem que, nesses casos, a terapia cognitiva é uma grande ajuda. Você tem que mudar o foco, quebrar o ciclo de negatividade e estabelecer saídas para círculos negativos de pensamentos e comportamentos. Uma técnica interessante que é usada pelos alcoólicos anônimos e que realmente funciona, é o pensamento do “Só por hoje”. ‘Só por hoje eu não pensarei nos meus gatilhos’ – Você pode anotar isso num lugar onde você tem acesso o dia todo e assim, vencerá um dia, após o outro.
3. Elas se levantam todos os dias com um propósito
Acordar todos os dias sem um objetivo é ter um dia perdido. Abrir os olhos para aquela nova manhã sem motivação é começar esse dia com o coração desligado . Com a mente sem desejo… Se queremos evitar recaídas, devemos fazê-lo: estabelecer objetivos (objetivos concretos). Às vezes, podem ser coisas simples como ter a tarde só para si, comprar um livro, fazer 5 minutos de alongamento, aprender uma frase inteira num dialeto estranho, reservar uma viagem, conhecer alguém…
4. Eles aprenderam a dizer “não”
Colocar filtros protetores em nossos ambientes mais próximos é fundamental para a nossa saúde física. Quem deixa tudo passar, a qualquer momento pode entrar em colapso. Além disso, uma das causas mais comuns de depressão é precisamente a crença de que “eu sou forte, eu aguento tudo”. Pensar que: estar bem com todos, é sinônimo de uma bondade que você tem que exercer obrigatoriamente, é, sem dúvida, outro erro que desestrutura completamente nosso equilíbrio interno. As pessoas que superam a depressão entendem que no seu dia-a-dia devem estabelecer limites. Dizer “não” quando você sente e “sim” quando quiser, é um exercício de bem-estar absoluto. Elas nunca se esquecem de praticar o “antes o outro aborrecido do que eu”.
5. Elas praticam exercícios moderados todos os dias
O corpo que se move com a vida deixa de lado suas tristezas. Quem anda, dança, nada, pula ou exercita seus músculos, dá uma boa dose de endorfinas ao seu cérebro e ainda ativa a circulação e o oxigena. Tudo isso se traduz em um nível mais alto de serotonina, aquele hormônio que nos protege da tristeza e que sempre desaparece quando estamos sorrindo. Por favor, não vá se esquecer disso que vou dizer agora: nós não sorrimos porque somos felizes, nós somos felizes porque sorrimos. A Yoga é uma excelente sugestão porque além de tonificar seus músculos e cuidar efetivamente de todos os seus órgãos internos, também trabalha a respiração e a sua autonomia junto ao Seu Poder Superior, sua aura, suas energias, seu coração, sua alma.
6. Sim para a reeducação alimentar
Segundo o nutrólogo Roberto Navarro, o cérebro produz substâncias chamadas de neurotransmissores que controlam inúmeras funções cerebrais. Um destes neurotransmissores, a serotonina, é capaz de dar ao cérebro sensação de bem-estar, regulando nosso humor e também dando sensação de “saciedade”.
A alimentação pode ajudar a produzir mais serotonina, aumentando o bom humor e ajudando no combate da depressão, entretanto, vale lembrar que ela não substitui o tratamento da doença, com a intervenção medicamentosa e terapia. “Para a produção cerebral da serotonina há necessidade de “matérias primas” (chamadas de cofatores) fundamentais para sua síntese, como exemplos: triptofano (aminoácido), magnésio, cálcio (minerais), vitamina B6, ácido fólico (vitaminas)”, ressalta Navarro.
Frutas como: melancia, abacate, mamão, banana, tangerina e limão são conhecidos como agentes do bom humor. “Todas estas frutas são ricas em triptofano, aminoácido que ajuda na produção de serotonina”, explica a nutricionista Abykeyla Tosatti. É recomendado o consumo de três a cinco porções de frutas todos os dias.
Outros alimentos tais como: ovos, iogurte, castanhas, carnes magras, cereais integrais, folhas verdes e soja, também colaboram com a saciedade e a prevenir a ansiedade e o estresse.
7. Mindfulness (atenção plena) para evitar recorrências da depressão
Mindfulness é um estado mental de controle sobre a capacidade de se concentrar nas experiências, atividades e sensações do presente. Traduzido em português como “Atenção Plena” ou “Consciência Plena”, o mindfulness se popularizou nas grandes empresas entre os funcionários que buscam um alívio para o estresse do dia a dia, além de ajudar a melhorar as suas capacidades mentais e, consequentemente, a produtividade no trabalho.
“Há uma explicação fisiológica e biológica do porquê nosso cérebro foca no pior e não no melhor. Evoluímos essa característica por uma questão de sobrevivência”, diz Oliveira. “Não tem problema falar várias vezes que o pneu furou, o problema é como fazemos isso. Se você não faz consciente, a sua mente te leva para um determinado lugar. Quanto menos mindfulness você for, menos você consegue se perceber e controlar, mais você fica repetindo os eventos” – explica Marcelo Batista de Oliveira, psicólogo e instrutor de Mindfulness do Centro Paulista de Mindfulness/Mundo Mindfulness.
O mindfulness, basicamente, nos traz a habilidade de estar mais aqui, no presente, sair do automático de simplesmente reagir e, assim, ser menos destrutivo consigo mesmo. “É o que a ciência chama de metacognição, a habilidade de pensar sobre o próprio pensamento e assim não se colar a ele, simplesmente deixar ir”, resume o psicólogo.
O especialista garante que um treinamento de oito semanas de mindfulness é capaz de trazer grandes ganhos para o cérebro. A técnica reduz a produção de cortisol (hormônio do estresse), melhora a qualidade do sono, alivia a ansiedade, ajuda a melhorar o gerenciamento de emoções – ganhos fundamentais para uma pessoa que está tratando um quadro de depressão. Mais: de forma específica, a técnica reduz a vulnerabilidade do indivíduo a ansiedade, estresse e depressão. Fora isso, auxilia no desenvolvimento de empatia e compaixão, fundamental para a segurança pessoal e amor próprio.
A cura ou o controle da depressão, afinal, pode vir de muitas formas. Não desista!