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7 estratégias para combater e prevenir a violência nas escolas, segundo especialista

Oferecer educação de qualidade para todos, em países afetados por conflitos e/ou violência, deve ser uma prioridade maior. Onde quer que estejam, as crianças devem ir à escola e não é uma ilusão acreditar que uma educação pública de qualidade, integral, inclusiva, segura, politécnica, onde tenha apoio psicológico e acesso diário à arte e aos esportes, pode resolver inúmeros problemas de desordens psicossociais.

Para que isso aconteça, os países precisam de sistemas educacionais fortes, proativos e inclusivos que promovam, além do aprendizado curricular, politécnicas e habilidades para a vida e a coesão social. No entanto, há tempos temos assistido grande violência no contexto escolar e fora dele, como conflitos armados, desastres naturais, crises políticas, epidemias de saúde e violência generalizada.

Nesses contextos, a exclusão e as desigualdades sociais podem agravar a saúde integral de crianças, adolescentes e professores. Mas é exatamente aí que a educação desempenha um papel indispensável na prevenção à drogadição e às violências. Países que não fazem grandes investimentos em políticas educacionais, representam os maiores desafios para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

A educação em contextos de conflito e violência

A Organização Mundial de Saúde define a violência como o uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha grande probabilidade de resultar em ferimentos, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação.

A partir dessa definição, a violência escolar pode ser descrita como ataques físicos entre alunos ou por alunos contra funcionários da escola, que podem ocorrer no caminho de ida ou da volta da escola, em eventos patrocinados pela escola, ou até mesmo nas dependências da escola.

A violência escolar é um problema de saúde pública e pode assumir a forma de bullying, tiroteio, combate físico e/ou material, e uma série de outros abusos. As consequências da violência escolar são graves, pois casos extremos levam à perda de vidas humanas. Outros efeitos da violência escolar incluem vandalismo e perda de propriedade, especialmente das instalações escolares, decadência moral, baixo desenvolvimento do capital humano, aumento da taxa de criminalidade, erosão dos valores socioculturais e a má reputação das escolas e da sociedade que a frequenta.

A A&E Television Networks relatou em seu site o maior tiroteio em uma escola secundária da história dos Estados Unidos, o Massacre na Escola Columbine, no Colorado, em 20 de abril de 1999. Os perpetradores, supostamente dois alunos do último ano, assassinaram um total de 12 alunos e um professor; ferindo 21 pessoas adicionais. Em seguida a dupla praticou a morte autoinfligida. A tragédia acendeu uma alerta à saúde mental das crianças e dos adolescentes, além de inquerir a reflexão de que a violência escolar é uma ameaça global.

Um levantamento feito pela pesquisadora Michele Prado, da Universidade de São Paulo, o Brasil registrou 22 ataques à escolas entre outubro 2002 e março de 2023. Segundo ela, só em 2022 e 2023, o número de ataques em escolas supera o total registrado nos 20 anos anteriores.

Quais são as causas da violência escolar e como resolvê-la?

Vendo que a história tem registrado muitos casos terríveis de violência escolar em todo o mundo, não podemos deixar de perguntar: Quais são as causas da violência escolar e como resolvê-la? A violência escolar é um mal social multifacetado e pode ocorrer por diversos motivos, mas todos eles podem ser neutralizados com a prevenção.

  • Uso de drogas: Um dos principais agentes desencadeadores de violência, é o uso exacerbado de drogas e álcool, que além de práticas violentas, pode levar à dependência química, a transtornos mentais graves e ao suicídio. Dessa maneira, pessoas intoxicadas tendem a perder suas inibições e a autorregulação de seus instintos mais primitivos, agindo assim por impulsos destrutivos. Então, o efeito das drogas no corpo humano pode servir como um catalisador para a prática de violência escolar.
  • Ambiente familiar hostil: A violência escolar pode surgir também devido às desordens psicológicas criadas pela vivência num ambiente familiar hostil, tóxico, abusivo e/ou disfuncional. A família é o maior agente adoecedor, bem como também é o melhor agente organizador da cura. A criança/adolescente é como uma esponja que absorve quase tudo em sua volta. Assim, conflitos verbais e/ou físicos entre os pais, traumas, lutos, separações, pais estressados e/ou mau-humorados, abandono dentro da própria casa, abuso sexual, agressão física, agressão psicológica verbalizada com palavras e insultos humilhantes, comparações entre um filho e outro, ou com outras crianças, pais superprotetores ou ausentes, falta de limite, falta de vivenciar o tédio, inabilidade em lidar com a frustração…, E a lista é grande. Todas estas coisas, dentre outras, podem elencar uma série de riscos à práticas destrutivas e autodestruídas.
  • Acesso a conteúdo nocivo nas mídias sociais: Outra causa da violência escolar é o livre acesso a conteúdo violento nas redes sociais. O impacto dos conteúdos nocivos à crianças e a adolescentes, expostos em mídias sociais, é amplamente subestimado na sociedade. Cada vez, mais cedo, a criança tem acessado conteúdo não indicado para sua idade. 48% dos usuários do TikTok são crianças entre 9 e 17 anos. Um levantamento da Qustodio, plataforma de controle parental, identificou ainda que a faixa etária de 4 a 18 anos passa cerca de 107 minutos por dia na rede, quase duas horas. O cenário preocupa os pais devido à disseminação de conteúdos nocivos que podem escapar do filtro da plataforma, como os que abordam desafios arriscados, teor sexual, incentivo de substâncias ilícitas, entre outros.

Com toda essa desestrutura enraiada num cérebro em desenvolvimento, alguns adolescentes conseguem acesso a objetos pontiagudos e armas perigosas, levam para a escola e usam para intimidar seus colegas. E como, especialmente países do terceiro mundo, não criam  leis específicas que coíbam a violência escolar, tornando-a um crime punível, a coisa toda vai alastrando espantosamente pelas redes sociais e virando modinha entre os mais jovens.

7 estratégias para combater e prevenir a violência nas escolas

Tendo identificado algumas das principais causas da violência escolar, é imperativo propor soluções para este mal social.

  1. Em primeiro lugar, a palavra que deve ser gravada e praticada desde os primeiros anos de vida escolar é a prevenção à drogadicação, aos transtornos mentais, ao bullying e às violências físicas, psicológicas e sexual e ao suicídio.
  2. Em segundo lugar, é necessário compreender que não será possível resolver todas essas questões psicossociais, se não houver uma tríade aliança entre os poderes públicos, a escola e as famílias.
  3. Em terceiro lugar, as escolas devem pôr em prática fortes medidas disciplinares aos autores de violências. Oferecendo medidas de segurança atualizadas nas escolas e ações para garantir que os alunos sejam devidamente revistados e despojados de qualquer tipo de arma antes de entrar nas instalações. Os prédios escolares e as ações devem ser devidamente vigiadas para detectar rapidamente possíveis ameaças de violências.
  4. Em quarto lugar, a escola deve envolver os alunos em campanhas de conscientização, em pesquisas e dinâmicas psicodramáticas em grupo sobre temas de prevenção à drogadição, ao bullying e às violências físicas, psicológicas e sexuais.
  5. Em quinto lugar, a escola deve exigir do poder público o direito dos alunos ao apoio psicológico dentro da escola. E nesse apoio, os alunos devem ser aconselhados e esclarecidos sobre inteligência emocional, controle da raiva, resolução de conflitos, desenvolvimento do caráter e uma série de outros tópicos que o ajudarão a lidar com os problemas psicológicos associados à violência escolar.
  6. Em sexto lugar, os pais/responsáveis ​​têm um papel fundamental a desempenhar, pois devem garantir que o ambiente em casa, onde a criança e/ou o adolescente vive, seja livre de violência. Os adultos devem ter em mente que crianças/adolescentes são impressionáveis ​​e, como tal, tendem a adotar os seus padrões de comportamento a partir do que pode ser obtido em suas famílias. A comunicação efetiva entre os pais e seus filhos ajudará a reduzir algumas das pressões percebidas que levam a criança/adolescente a agir de forma violenta. Os pais também podem procurar aconselhamento profissional sobre o tipo de videogame e programas de televisão as crianças podem ser expostas.
  7. As famílias em parceria com os professores e com os alunos, devem exigir dos governantes leis específicas para combater a violência escolar e projetos de leis e emendas constitucionais que possam garantir campanhas massivas de prevenção à drogadição, ao bullying, aos transtornos mentais, ao suicídio e às violências físicas, psicológicas e sexuais. As maiores conquistas de direitos só acontecem quando famílias e especialistas no assunto se unem e lutam por elas.

Clara Dawn é escritora, psicanalista, neuropsicopedagoga, fundadora do Portal Raízes e do IPAM – Instituto de Pesquisas Arthur Miranda em prevenção à drogadição, aos transtornos mentais e ao suicídio na infância e na adolescência.

Clara Dawn

Clara Dawn é romancista, psicopedagoga, psicanalista, pesquisadora e palestrante com o tema: "A mente na infância e adolescência numa perspectiva preventiva aos transtornos mentais e ao suicídio na adolescência". É autora de 7 livros publicados, dentre eles, o romance "O Cortador de Hóstias", obra que tem como tema principal a pedofilia. Clara Dawn inclina sua narrativa à temas de relevância social. O racismo, a discriminação, a pedofilia, os conflitos existenciais e os emocionais estão sempre enlaçados em sua peculiar verve poética. Você encontra textos de Clara Dawn em claradawn.com; portalraizes.com Seus livros não são vendidos em livrarias. Pedidos pelo email: escritoraclaradawn@gmail.com

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