Oferecer educação de qualidade para todos, em países afetados por conflitos e/ou violência, deve ser uma prioridade maior. Onde quer que estejam, as crianças devem ir à escola e não é uma ilusão acreditar que uma educação pública de qualidade, integral, inclusiva, segura, politécnica, onde tenha apoio psicológico e acesso diário à arte e aos esportes, pode resolver inúmeros problemas de desordens psicossociais.
Para que isso aconteça, os países precisam de sistemas educacionais fortes, proativos e inclusivos que promovam, além do aprendizado curricular, politécnicas e habilidades para a vida e a coesão social. No entanto, há tempos temos assistido grande violência no contexto escolar e fora dele, como conflitos armados, desastres naturais, crises políticas, epidemias de saúde e violência generalizada.
Nesses contextos, a exclusão e as desigualdades sociais podem agravar a saúde integral de crianças, adolescentes e professores. Mas é exatamente aí que a educação desempenha um papel indispensável na prevenção à drogadição e às violências. Países que não fazem grandes investimentos em políticas educacionais, representam os maiores desafios para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
A Organização Mundial de Saúde define a violência como o uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha grande probabilidade de resultar em ferimentos, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação.
A partir dessa definição, a violência escolar pode ser descrita como ataques físicos entre alunos ou por alunos contra funcionários da escola, que podem ocorrer no caminho de ida ou da volta da escola, em eventos patrocinados pela escola, ou até mesmo nas dependências da escola.
A violência escolar é um problema de saúde pública e pode assumir a forma de bullying, tiroteio, combate físico e/ou material, e uma série de outros abusos. As consequências da violência escolar são graves, pois casos extremos levam à perda de vidas humanas. Outros efeitos da violência escolar incluem vandalismo e perda de propriedade, especialmente das instalações escolares, decadência moral, baixo desenvolvimento do capital humano, aumento da taxa de criminalidade, erosão dos valores socioculturais e a má reputação das escolas e da sociedade que a frequenta.
A A&E Television Networks relatou em seu site o maior tiroteio em uma escola secundária da história dos Estados Unidos, o Massacre na Escola Columbine, no Colorado, em 20 de abril de 1999. Os perpetradores, supostamente dois alunos do último ano, assassinaram um total de 12 alunos e um professor; ferindo 21 pessoas adicionais. Em seguida a dupla praticou a morte autoinfligida. A tragédia acendeu uma alerta à saúde mental das crianças e dos adolescentes, além de inquerir a reflexão de que a violência escolar é uma ameaça global.
Um levantamento feito pela pesquisadora Michele Prado, da Universidade de São Paulo, o Brasil registrou 22 ataques à escolas entre outubro 2002 e março de 2023. Segundo ela, só em 2022 e 2023, o número de ataques em escolas supera o total registrado nos 20 anos anteriores.
Vendo que a história tem registrado muitos casos terríveis de violência escolar em todo o mundo, não podemos deixar de perguntar: Quais são as causas da violência escolar e como resolvê-la? A violência escolar é um mal social multifacetado e pode ocorrer por diversos motivos, mas todos eles podem ser neutralizados com a prevenção.
Com toda essa desestrutura enraiada num cérebro em desenvolvimento, alguns adolescentes conseguem acesso a objetos pontiagudos e armas perigosas, levam para a escola e usam para intimidar seus colegas. E como, especialmente países do terceiro mundo, não criam leis específicas que coíbam a violência escolar, tornando-a um crime punível, a coisa toda vai alastrando espantosamente pelas redes sociais e virando modinha entre os mais jovens.
Tendo identificado algumas das principais causas da violência escolar, é imperativo propor soluções para este mal social.
Clara Dawn é escritora, psicanalista, neuropsicopedagoga, fundadora do Portal Raízes e do IPAM – Instituto de Pesquisas Arthur Miranda em prevenção à drogadição, aos transtornos mentais e ao suicídio na infância e na adolescência.
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