Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?
Essa é uma das grandes perguntas propostas pelo filólogo, crítico cultural, poeta e compositor alemão do século XIX, Friedrich Wilhelm Nietzsche. E quanto mais o tempo passa, mais essa pergunta faz sentido. Os tempos mudam, mas a história continua para sempre. O mesmo acontece com o cinema, veja Laranja Mecânica, de Kubrick, uma crítica sobre a sociedade da época. Mesmo tendo sido realizado nos anos 1970 continua completamente atual hoje em dia, 40 anos depois. Nietzsche escreveu diversos textos que serviram de inspiração para a psicologia, filosofia e a arte.
Pensando em suas contribuições dialéticas separamos 5 filmes, com a promessa de prepararmos outros 5. Confira:
O conflito existencial em Nietzsche:
O filme termina e ninguém revela o mistério de “Rosebud”. Somente ao expectador é revelado o significado da palavra nos últimos segundos do filme. O que o leva à reflexão após o término do filme.
“Rosebud” se traduz do inglês por “Botão de Rosa” e é uma referência poética clara ao órgão genital feminino do prazer: o clitóris. A anatomia da genitália feminina é frequentemente associada à forma de um botão de rosa pelos poetas. Assim, “Rosebud” simboliza aquilo que há de mais íntimo, de mais misterioso, mais escondido, mais particular, mais encoberto.
“Se uma mulher tem inclinações eruditas é porque, em geral, há algo de errado na sua sexualidade. A esterilidade predispõe a uma certa masculinidade do gosto; é que o homem, com vossa licença, é de fato ‘o animal estéril'”. Friedrich Nietzsche
Baseado em uma história real. Na cidade de Nova York, Brandon e Phillip assassinam seu amigo David, por considerarem-se superiormente intelectuais em relação a ele. Com toda a frieza e arrogância resolvem provar para eles mesmos sua habilidade e esperteza: esconderam o cadáver em um grande baú. E este servira como mesa e exposta no meio da sala de estar do apartamento, durante uma festa que realizaram em seguida. É interessante destacar que para muitos críticos este não é um filme tão respeitável quanto Psicose ou Janela Indiscreta. Na época de seu lançamento, Festim Diabólico, fracassou crítica e comercialmente.
A natureza humana em Nietzsche:
No filme, o foco de toda a tensão está escondido em uma arca: o corpo do jovem assassinado. A motivação do crime é uma teoria a defender que apenas os seres humanos “superiores” são capazes de cometer um assassinato a sangue frio.
“Torna-te aquilo que és”. Friedrich Nietzsche
Durante a pré-história, um misterioso Monolito Negro parece emitir sinais de outra civilização interferindo no nosso planeta. Quatro milhões de anos depois, no Século XXI, uma equipe de astronautas a bordo na nave Discovery é enviada a Júpiter para investigar o enigmático monolito.
A fuga do “eu” existencial em Nietzsche
O homem frente à máquina e a sua disposição em desobedecer e quebrar as regras para conseguir aquilo que ambiciona lhe confere uma profundidade dramática que não pode ser observada em nenhum dos outros personagens. Esta contradição é interessante porque é ela que estabelece o principal parâmetro de comparação entre as duas épocas retratadas no filme. Se na alvorada da humanidade o homem ainda é um ser em formação, incompleto, que precisa descobrir o mundo para descobrir a si mesmo, já em sua alvorada ele ainda é incompleto. Através do advento da inteligência artificial ele confere a outrem o direito de pensar e tomar as decisões por ele, decretando assim o seu próprio fim como indivíduo… Neste processo para reencontrar a si mesma a humanidade precisará redescobrir a sua gênese e só então voltar a se perguntar sobre a estranheza do mundo à sua volta.
“Nós fazemos acordados o que fazemos nos sonhos: primeiro inventamos e imaginamos o homem com quem convivemos – para nos esquecermos dele em seguida”. Friedrich Nietzsche
Baseado na obra Heart of Darkness, de Joseph Conrad, Apocalypse Now conta a história do capitão Willard, um combatente no Vietnã que recebe uma missão especial e confidencial: encontrar e matar um homem no meio da selva vietnamita. O problema é que o homem é o coronel Walter Kurtz, um dos mais condecorados e respeitados oficiais do exército americano. O coronel parece ter enlouquecido e formado uma própria seita onde é tratado como Deus por seus seguidores. Willard e sua equipe partem em um barco ao encontro de Kurtz e de si mesmos, enquanto presenciam os horrores e a estupidez da guerra.
A dualidade do ser em Nietzsche:
Apocalypse Now é uma jornada psicologicamente devastadora e surreal. É um complexo estudo sobre a dualidade e o conflito existente em cada ser humano. Uma análise pungente e hipnotizante sobre o frágil cordão que divide o nosso lado racional e irracional. É muito mais do que um filme sobre a estupidez da guerra. Assume a posição de uma profunda reflexão sobre o ser humano e seus limites.
“Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti”. Friedrich Nietzsche
O velho fazendeiro Ohlsdorfer (Janos Derzsi) e sua filha (Erika Bok) dividem um cotidiano dominado pela monotonia. A realidade dos dois é observada pela vista da janela e as mudanças são raras. Enquanto isso, o cavalo da família se recusa a comer e a andar.
A fuga da realidade em Nietzsche
O filme é uma inspiração do que teria ocorrido com um cavalo que fora salvo da tortura por Nietzsche durante uma viagem a Turim, na Itália. A família descrita pela sinopse vive um quotidiano miserável, mas sem piedade nem reclamações. Todas as manhãs, a filha se levanta, se veste, vai ao poço, busca água, volta, cozinha duas batatas que ela e o pai comem com as mãos, um sentado em frente ao outro. Depois eles alimentam o cavalo, limpam o estábulo e voltam para casa. O Cavalo de Turim é destas obras-primas em seu formalismo e na beleza poética da miséria humana, além da ausência de conexão com a realidade.
“Querer a verdade é confessar-se incapaz de a criar”. Friedrich Nietzsche
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