A adolescência é a fase mais difícil do cérebro humano e na pós-modernidade é mais complexo ainda, pois as crianças e os adolescentes são diariamente bombardeados com centenas de informações e a maioria delas são inadequadas e adultas demais para suas ferramentas psíquicas que estão em franco estágio de desenvolvimento integral.

Por isso os adolescentes também são mais propensos à pressão dos colegas; à baixa autoestima; ao estresse mediante bullying; à drogadição; à depressão; aos transtornos de ansiedade e às compulsões: alimentares, compras e sexo. Os pais e/ou tutores, se quiserem, podem impactar significativa a vida dos filhos ao lhes ajudar a gerenciar sua própria ansiedade.

Ao cuidar de um adolescente ansioso, a tendência dos pais, é tentarem se antecipar em situações que serão difíceis tentando torná-las mais confortáveis para ele. Os pais tentam controlar os resultados para manterem seus filhos confortáveis, seguros e felizes. Tudo isso vem de um lugar de amor, mas isso não permite que eles se tornem adultos resilientes e independentes.

A tendência natural é tentar amortizar os sintomas recorrendo imediatamente á medicações afim de que os sintomas e não a causa, sejam sanados.  Entretanto, é papel dos pais orientar seus filhos adolescentes e ajudá-los a distinguir, nomear, compreender, aceitar e ressignificar seus pensamentos, sentimentos e emoções, enquanto ainda estão na presença segura do lar.

É preciso ajudá-los a conviver com a ansiedade normal e para isso está aqui 4 coisas que você deve fazer e 5 que você NÃO deve fazer ao cuidar de um adolescente ansioso. Entenda:

O que não fazer ao cuidar de um adolescente ansioso

  1. Não diga “não se preocupe com isso porque vai ficar tudo bem”: oferecer conforto ao seu adolescente no momento e lhe dar falsas esperanças,  pode acabar com a ansiedade temporariamente, mas ela voltará tão logo ele perceba que os sintomas não foram embora só porque você prometeu. Como pai, você deve permitir que seu filho adolescente enfrente a ansiedade para que, com o tempo, ele possa se sentir mais à vontade com ela de maneira a transformá-la numa alavanca para produzir alguma coisa que traga compensação. Dizer a ele que tudo vai ficar bem gera falsas esperanças e só adia o enfrentamento de um problema. Além disso, seu filho adolescente pode não estar se sentindo como se tudo estivesse bem e dizer isso só pode trazer mais dúvidas e preocupações, porque você está minimizando a ansiedade dele.
  2. Não faça promessas: a ansiedade vem em ondas e às vezes pode ser leve e outras vezes pode ser muito grave. Você não pode prometer ao seu filho adolescente que a ansiedade dele irá embora ou que pode ser corrigida. Isso só lhe dará falsas esperanças e o levará a acreditar que sua ansiedade é provavelmente temporária, conquanto, na verdade, conviver com ela é uma batalha ao longo da vida. Ensine-o a diferenciar a ansiedade normal, que é boa e faz produzir, da ansiedade ruim que causa sintomas físicos, como taquicardia, mãos suando frio, aperto no coração, enjoos e até ataque de pânico. Em casos assim, um especialista deverá ser consultado.
  3. Não resolva o problema dele: você não é o psicoterapeuta do seu filho e, portanto, não é seu papel psicanalisar seu adolescente ou dar-lhe soluções para corrigir sua ansiedade. Seu filho adolescente deve passar pelo processo da ansiedade normal e aprender a lidar com ele sem que você o resgate de todas as situações que provocam ansiedade. Se você tentar resolver todos os problemas no final, seu filho adolescente não aprenderá nenhuma habilidade de resolução de problemas.
  4. Não coreografe, coordene ou controle: Coordenar amizades e encontros sociais é muito normal para pais de adolescentes mais novos. Como pai, você não quer que seu filho adolescente se sinta excluído de seus colegas, no entanto, coordenar e controlar sua vida social e “brincar de mágico” nos bastidores só piorará as coisas para o adolescente à medida que envelhecer. Permita que seu filho adolescente encontre seus círculos sociais e forme amigos naturalmente dentro de seu grupo de colegas.
  5. Não responda com muita emoção: Ficar extremamente preocupado, irritado, choroso, resmungão ou estressado só causa mais ansiedade em seu filho adolescente. Ficar quicando de um extremo emocional a outro, pode ser exemplo de falta de inteligência emocional para o seu filho adolescente. Tente permanecer neutro com uma abordagem fria, racional, serena e empática.

O que fazer ao cuidar de um adolescente ansioso

  • Faça perguntas: Faça uma pergunta sobre o que seu filho adolescente está sentindo e se ele já se sentiu assim antes.
  • Pergunte se ele tem feito alguma para controlar a ansiedade ou se há algo que você possa fazer para ajudá-lo. O objetivo de fazer perguntas é que o adolescente tente entender de onde vem a ansiedade.
  • Diga frases como “Sinto muito que você esteja se sentindo assim”, “Parece que você está tendo um dia difícil” ou “Gosto da maneira como você lidou com essa situação”. Dizer coisas assim permite que seu adolescente sinta que seus sentimentos e emoções são reais e que você não está lhe oferecendo falsas esperanças ou elogios açucarados.
  • Esteja presente quando ele pedir ajuda: se o seu filho adolescente pedir ajuda, considere isso um grande elogio, pois ele está confiando em você com suas emoções e medos. Certifique-se, nesse momento, de deixar de lado suas distrações atuais e ouvir seu filho atentamente e lembre-se sempre de dizer a ele o quanto você o ama e se importa com ele.

Estudos organizados por Clara Dawn, escritora, psicanalista, neuropsicopedagoga, pesquisadora e presidente do IPAM – Instituto de Pesquisas Arthur Miranda em prevenção à drogadição, aos transtornos mentais e ao suicídio na infância e na adolescência.






Clara Dawn é romancista, psicopedagoga, psicanalista, pesquisadora e palestrante com o tema: "A mente na infância e adolescência numa perspectiva preventiva aos transtornos mentais e ao suicídio na adolescência". É autora de 7 livros publicados, dentre eles, o romance "O Cortador de Hóstias", obra que tem como tema principal a pedofilia. Clara Dawn inclina sua narrativa à temas de relevância social. O racismo, a discriminação, a pedofilia, os conflitos existenciais e os emocionais estão sempre enlaçados em sua peculiar verve poética. Você encontra textos de Clara Dawn em claradawn.com; portalraizes.com Seus livros não são vendidos em livrarias. Pedidos pelo email: [email protected]