As pessoas estão sempre se queixando de que não encontram o amor (chamam-no Pessoa Certa), mas quando surge a oportunidade de vivenciá-lo, tratam-no com relapso. Fazem dele um tipo de amor camaleão. Aquele que precisa adaptar às sobras do tempo. Aquele que sobrevive de lamber as migalhas que lhe são oferecidas. Ora, como pode algo bom crescer disso? Vão espremendo o amor nas raras horas livres, entre um ‘depois e outro depois’.
Para sermos felizes no amor, precisamos dedicar tempo aos regalos da afetividade mútua. Um amor de verdade não pode ser espremido dentro da realidade da vida. É a realidade da vida que tem se encaixar nas sobras de tempo do amor. A maioria de nós não sabe amar. Quer, mas quando encontra um amor, deixa-o sempre à mercê das sobras de tempo da realidade. Parece-me tão real o fato de que, o que fazemos por dinheiro é muito mais relevante do que o que fazemos por amor. Tolo isso, né? Pois desta vida só levaremos o amor doado/recebido; cativo/cativado: sintonia e cumplicidade.
Sem magia – para mim – não há relacionamento. A quinze metros do arco-íris – disse Manoel de Barros – o sol é cheiroso. Se o desencanto daqueles que não sabem amar, invade o peito, vísceras e emoções acontecer com minha relação afetiva, eu deito a lona e sigo a estrada rumo ao arco-íris. Pois um relacionamento afetivo só vale a pena ser vivido se for intensamente encantado, simples, divertido, recíproco… Do tipo pingue-pongue. Somos mágicos e todo o encanto mútuo que desejarmos, temos o poder de produzi-lo. Acolá e aqui, sempre há arco-íris cheios de sóis cheirosos.
Mas para vivenciar um amor bilateral daqueles que lhe faz ter a certeza de que você não quer outra coisa menos que isso, há um encargo. É preciso não cometer estas três idiotices:
1 – Ser relaxado
A falta de compromisso com a relação é desrespeito ao outro. E o respeito é a coisa mais importante em quaisquer tipos de relacionamentos. Se você deseja um amor duradouro e feliz, inclua o respeito ao outro no topo das suas prioridades diárias com gesto simples como perguntar como passou a noite e qual será a programação do dia – assim poderão apreciar a companhia um do outro, várias vezes por dia, mesmo que virtualmente.
2 – Desrespeitar a individualidade do outro
De novo estamos falando de respeito. Porque é isso mesmo, respeito acima de tudo. O respeito à individualidade como “salvação” do relacionamento, tem sido objeto de estudos e pesquisas no campo da psicologia. O Psicanalista Flávio Gikovate, em seu 26º livro Uma História de Amor Com Final Feliz, escreveu que “Uma relação compatível é a que respeita a individualidade. Existe respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar. É parecido com a amizade porque aproxima ‘duas unidades’ e não ‘duas metades’. Basicamente, é uma forma adulta e sólida de relacionamento, na qual a palavra concessão é substituída por respeito”. Em suma: compreender e aceitar que o outro, não só pode ser feliz também longe de você, mas que ele deve se divertir mesmo na sua ausência.
3 – Exigir o monopólio da afetividade
É simples. Você não precisa mudar quem você é para se adaptar às exigências de pessoa alguma. Uma relação saudável é aquela que tudo flui com naturalidade. É mentira que os opostos se atraem, os opostos se destroem. Energias contrarias só causam doenças físicas e emocionais. Esqueça isso para sempre. Comece uma relação somente com alguém que possua energia positiva com a sua. Pessoas livres, amam pessoas livres. E é possível descobrir isso na primeira conversa. Amar verdadeiramente é deixar livre.
Coisa mais opressora e doentia é conviver com alguém que sente ciúmes até de seus pensamentos, que não suporta que você trate com afeto outras pessoas, que você jamais possa receber afeto de outros seres humanos. Exigir o monopólio da afetividade é algo tão idiota quanto exigir que alguém não sinta vontade de comer Pudim de padaria só porque tem Petit Gateau na geladeira de casa. Ora, o que fará com que a pessoa ignore o pudim de padaria, não é o obrigação de saber da existência do Petit Gateau, mas sim o respeito ao compromisso. E isso, já disse, é a coisa mais importante de quaisquer relações.
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