A maioria das pessoas têm ou já teve, uma vez ou outra, pensamentos negativos e angustiantes acerca de si mesmas. Algumas dessas pessoas passam a vida inteira se autodepreciando, se subjugando e se sentindo sempre inferiores. Elas têm uma crença trazida (consciente ou inconscientemente) desde á infância de que são inúteis, azaradas, desprezíveis, indignas de afeto, felicidade, sucesso e prosperidades em todas as áreas da vida.
Para alguns, esses pensamentos ocorrem com frequência, talvez várias vezes ao dia. Para outros, esses pensamentos só surgem em situações desafiadoras, como após uma falha ou rejeição pessoal percebida. Os profissionais de saúde mental chamam esses tipos de pensamentos de crenças centrais negativas.
As crenças centrais foram descritas pela primeira vez pelo terapeuta cognitivo Aaron T. Beck . São visões profundamente arraigadas que as pessoas têm sobre si mesmas, sobre os outros e sobre o mundo. Essas leituras de si e do mundo, geralmente começam a acontecer durante a pré-adolescência entre os 9 e 12 anos.
As crenças centrais podem ser positivas e negativas. As crenças centrais positivas incluem pensamentos como: “Sou uma pessoa divertida” ou “Existem pessoas confiáveis no mundo”. No entanto, quando as pessoas experimentam sofrimento emocional, as crenças centrais negativas são ativadas. Por sua vez, os pensamentos negativos fazem as pessoas se sentirem em franco sofrimento psíquico sobre si mesmas e o mundo. Muitas vezes, quando uma crença central negativa é ativada, as pessoas tendem a acreditar fortemente que aquela ideia é verdadeira, mesmo sentindo que não é.
Aqui estão alguns exemplos de crenças centrais negativas:
Quando somos crianças e adolescentes, começamos a desenvolver visões sobre nós mesmos e o mundo. Essas crenças geralmente são fortemente impactadas por nossas experiências e pelo que as pessoas nos dizem sobre nós. Por exemplo, alguém que cresce em uma casa com pais muito críticos ou um irmão sarcástico, pode começar a acreditar nessas coisas negativas sobre si mesmo.
As crianças geralmente aceitam esses tipos de mensagens como fatos. Elas tendem a receptar suas próprias interpretações sobre suas experiências e, a partir delas, desenvolver uma prática mental positiva ou negativa.
Além disso, existem influências genéticas e biológicas em nossos padrões de pensamento. Pessoas geneticamente propensas à depressão ou ansiedade são mais propensas a ter esses pensamentos negativos. Elas podem ficar presas no ciclo de baixo humor ou alta ansiedade, ativando crenças centrais negativas, que reforçam o humor e a ansiedade e assim por diante.
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Muitas vezes as pessoas pensam que são as únicas que sentem que algo está errado com elas. Se todos pudessem ver uma bolha de pensamento de crença central negativa sobre a cabeça de todos os outros, as pessoas perceberiam que elas são muito comuns.
As pessoas que você respeita e as pessoas que parecem ter tudo a seu favor também têm crenças negativas sobre si mesmas. Esse tipo de pensamento faz parte da condição humana, e você não está sozinho. Então, ao invés de se perguntar ‘por que isso acontece comigo’, pergunte: ‘por que não comigo’. Afinal as coisas acontecem no mundo com alguém e por que não com você?
As crenças centrais negativas tendem a ter uma qualidade abrangente, de tudo ou nada, do tipo: ‘eu não sou fraca, eu sou uma super-heroína’. Essas afirmações são problemáticas e fazem você se sentir mal consigo mesma. Quando você desafia suas crenças, não deve simplesmente ter pensamentos positivos. Isso não vai funcionar. Em vez disso, é melhor desenvolver um pensamento mais realista em que você possa acreditar firmemente.
Por exemplo, suponha que você foi ignorada por alguém que você tentou se relacionar. Quando começar a ter o pensamento: “Não sou amável. Nunca conhecerei alguém que queira ter um relacionamento comigo”, faça a si mesma algumas perguntas como: “Só por que essa pessoa me rejeitou, isso realmente significa que todos os outros no futuro me rejeitarão?” Ou: “Eu realmente darei a essa pessoa o poder de me fazer sentir que não sou amada?” Ou: “Eu sei que existem pessoas na minha vida que me amam e se preocupam comigo”.
Outra abordagem para esses pensamentos negativos é: reconhecê-lo, nominá-lo, validá-lo (ou seja, respeitá-lo e ouvi-lo) e, então, ressignificá-los (dar um novo significado, um significado realista, porém conduzido a um caminho positivo).
Por exemplo: Você se olha no espelho e se sente desprezível. Então, você vai verbalizar isso: ‘eu estou me sentindo desprezível’. Com isso você estará reconhecendo que ao se ver no espelho você se sente desprezível. Desprezo é o nome do seu sentimento negativo. Dessa maneira, você vai reconhecer que esse desprezo é importante e forte o bastante para fazer você sofrer. Agora é hora de enfrentá-lo, de dar um novo significado para o sentimento de autodesprezo: você pode, nesse momento, melhorar a sua postura corporal, como naquela famosa pose da mulher maravilha, a pose do poder: pernas levemente abertas, coluna ereta, barriga pra dentro, peito pra fora, cabeça erguida, as mãos na altura do quadril e olhando para sua própria imagem no espelho, respire fundo e diga a si mesma que você tem o poder mental de mudar a sua história.
PS – Se você não conseguir sozinha, não tenha receio de buscar ajuda de um profissional da saúde mental. Todas nós precisamos de ajuda.
Tradução e livre adaptação do Portal Raízes. Texto da psicóloga Bonnie Zucker, especialista no tratamento de transtornos de ansiedade. Trabalha no Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA, Aconselhamento e Serviços Psicológicos da UCLA e no Centro Médico Cedars-Sinai.
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