Psicologia e Comportamento

3 dicas de culturas antigas ​​para criar crianças confiantes, segundo especialista

A especialista em educação parental e autora de best-seller do New York Times, Michaeleen Doucleff,  viajou ao redor do mundo (com sua filha de 3 anos) e entrevistou famílias das culturas mais antigas do mundo em seus estilos parentais. Num podcast gravado para o site Mindbodygreen, Doucleff compartilha algumas de suas descobertas surpreendentes. Extraímos alguns excertos. Confira:

1. Método das mães maias: deixar as crianças pequenas ajudarem nas tarefas de casa

“Uma das principais coisas é nunca enxotar uma criança se ela estiver demonstrando interesse nas tarefas”, declara Doucleff. “As crianças vão querer ajudar com as louças ou o jantar, e os pais costumam dizer a elas: ‘Não, vai brincar’.” Com o tempo, essa criança começará a entender que não pertence a esse esforço de equipe. Na verdade, os torna menos propensos a ajudar à medida que envelhecem. “O desejo de ajudar e fazer parte dessa equipe desaparece nas crianças por volta dos 6 ou 7 anos, geralmente”, acrescenta ela.

Pesquisas mostram que as crianças pequenas têm essa motivação de ajudar  naturalmente e nem precisam de recompensa, na verdade, as recompensas minam a tendência. Então, em vez de recompensas, apenas dê a criança o espaço para contribuir com as tarefas que ela deve compreender, desde cedo, que são deveres de todos que vivem na casa.

Dito isso, Doucleff sugere que seus filhos contribuam para o que você está trabalhando em casa, independentemente da idade. Melhor ainda: “Transforme a tarefa em um evento social”, diz ela. “Converse enquanto você limpa, e envolva-os um pouco”. E você também não precisa dar a eles uma tarefa gigantesca. As mães maias eram bastante pacienciosas em dar à criança a quantidade certa de uma tarefa”, diz ela. “Apenas pequenas coisas, como mexer a panela, rasgas as folhas de verduras, ir buscar o aspirador, guardar os brinquedos espalhados, passar o pano de prato em vasilhas de plástico… Isso motiva as crianças porque elas veem que estão fazendo uma contribuição. E isso é muito mais motivador do que recompensas”. (Veja mais sobre isso acessando a“Tabela Montessori”: tarefas que seu filho pode fazer sozinho e em qual idade).

2. Método Yucatán: a inclusão das crianças no mundo dos pais

“Depois da primeira viagem a Yucatán(México), notei que lá os pais não faziam nada especificamente para as crianças nos fins de semana”, diz Doucleff. Sem atividades, sem festas de aniversário, sem datas para brincar – as crianças simplesmente ajudavam na casa. Claro, eles também brincavam com outras crianças: “Elas corriam por toda a vila sozinhas”. No entanto, o “mundo adulto” e o “mundo infantil” foram fundidos num mundo inclusivo naturalmente.

Doucleff, afirma que as pessoas muitas vezes criam mundos para seus filhos com atividades centradas na criança (as festas de aniversário, as aulas de dança, as atividades, etc.). Então eles veem que o propósito deles na família é fazer atividades que não incluem os outros membros da família. Doucleff não está dizendo que a criança não deve fazer atividades exclusivas de crianças ou que a criança deva consumir conteúdos adultos. Não, nunca, nem pense isso. O que a especialista quer dizer é que ao invés de obrigar, por exemplo, a criança a obedecer as regras da casa, que elas possam ser convidadas a serem membros na construção dessas regras. Mesmo porque há inúmeros estudos que comprovam que obrigar a criança a cumprir regras não fará com que ela seja disciplinada. Mas se ela se sentir incluída na criação das regras que regem a casa, com certeza se sentirá na responsabilidade de obedece-las.

Uma criança incluída se sentirá parte da equipe e não se sentirá excluída. “Elas vão querer ajudar a limpar a mesa depois do jantar ou arrumar as camas de manhã, porque se elas fazem parte daquela equipe, naquela casa, naquela rua, naquela comunidade.

3. Método Inuit (povos originários do Canadá): Faça as crianças refletirem sobre suas ações negativas

Quando você está conversando com seu filho, com que frequência você dá comandos negativos? ‘Não suba nessa árvore’; ‘Não bata no seu irmão’; ‘Não brinque com sua comida’. Doucleff diz que comandos negativos não são um método para convencer seu filho a fazer a coisa certa. “Os pais Inuit raramente dizem isso”, explica ela. “Existem muitas ferramentas que as famílias inuits usam para fazer as crianças refletirem sobre suas ações.”

Por exemplo, eles diriam: O que você acha que vai acontecer se você subir naquela árvore? Ou talvez: Se você jogar o brinquedo no seu irmão o que vai acontecer com ele?. “O objetivo disso é fazer com que a criança pense e tome a decisão certa por si mesma”, acrescenta Doucleff.

O método de conduzir à criança ao questionamento faz com ela interprete que o seu livre arbítrio de fazer algo sem pensar tem consequências que podem trazer tristeza e dor.  Essa técnica é especialmente útil para crianças que têm força de vontade – elas querem fazer a coisa certa, mas querem ser a pessoa a tomar a decisão. Ao explicar as consequências de uma ação em vez de presumir que eles farão o que a criança obedecerá o seu comando negativo, você provavelmente terá um resultado melhor. A curto prazo? Claro que não, a educação dos filhos é um processo lento e repetitivo. Mas vale muito a penas. Acredite.

Portal Raízes

As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

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