Você sabia que frases negativas acertam em cheio a autoestima dos seus filhos? E não é só aquilo que você diz, mas também, como diz. A forma, o tom e o volume que se usa para falar palavras, frases, expressões ou até mesmo apelidos, podem ser nocivos à criança e ao adolescente, gerando impactos profundos e difíceis de sanar, principalmente, se são ditas repetidas por vezes e vezes.
Pensadores, poetas, pedagogos e terapeutas lidam sempre com as palavras e, acredite, as que saem da boca de uma criança são as mais levam à reflexão das diversas leituras que ela, a partir do que ouviu na infância, fará do seu mundo na vida adulta.
É verdade que a rotina diária, o stress, o cansaço mental/físico e a impaciência afligem os pais e então eles despejam palavras ofensivas aos filhos, que se aproximam queixosos e/ou necessitados de algo. Saiba que o simples observância e reconhecimento desse tipo de comportamento lhe ajudará a vigiá-los e moderá-lo no momento exato.
Conversar com filho sobre o que aconteceu ajudará muitíssimo também e assim ele compreenderá que você sabe reconhecer seus erros e que erros podem ser, com boa vontade, trabalhados e, com o tempo, corrigidos.
As frases a seguir, foram sugeridas por três especialistas: Eva Bach, pedagoga, professora e autora de vários livros sobre adolescentes; Sonia Cervantes (capa), psicóloga, escritora e terapeuta e Carlos Pajuelo, psicólogo, autor do blog “Escola de pais”. Confira:
Ninguém gostaria de ouvir isso, menos ainda de um adulto. Imagina a sensação desagradável quando a criança ou a adolescente ouve palavras como essas. Se a criança cometeu um erro, quebrou algo, arruinou a mistura do bolo, respire fundo e pense no que é mais importante. A resposta sempre será a mesma: seus filhos são mais importantes do que qualquer outra coisa.
Ora, cada pessoa é única. Somos todos diferentes e ao nosso modo, especiais. Não há uma pessoa que se possa comparar com a outra. Não se ganha nada comparando um filho com outro. Pelo contrário, se perde muito. Perde a grande oportunidade de ensinar cooperação ao invés de competição; perde a possibilidade de uma aliança entre irmão; perde a capacidade mútua admiração, respeito e confiança entre irmão e favorece o desconforto, o desgaste, a rivalidade e o ressentimentos entre eles.
Os pais praticam o bullying, que é a humilhação repetida. Seja com palavras, ofensas verbais, psicológicas, físicas, morais, sociais e de gênero. O bullying na infância e na adolescência é um dos principais gatilhos para automutilação e desenvolvimento de práticas autodestrutivas como o uso de álcool, drogas e o suicídio. Os perigos do bullying são tão preocupantes que no Brasil é instituído como crime passivo de punição judicial. Ninguém tem o direito de opinar sobre a aparência do outro. Ninguém tem o direito de depreciar o outro.
Se o seu filho tem a tendência de chamar atenção em público, como gritar, brincar, correr e cantar para todos ouvirem. Talvez só precise de mais atenção. Não diga coisas como essa na frente de seus amigos e nem em particular. Por que não planejar um espetáculo em casa onde ele seja a estrela principal? Talvez descubram seu lado artístico ao fazer isso e divirtam-se em família.
Eu não consigo pensar em algo pior que alguém poderia dizer a uma criança. Nunca, em nenhuma circunstância, diga isso a seus filhos, nem sequer de brincadeira. Todos precisamos saber que somos desejados e queridos, independentemente dos erros que cometemos.
Às vezes, sem perceber, caímos nos jogos de palavras de nossos filhos. Sua filha de três anos está frustrada porque não pode comer outro potinho de sorvete no jantar. Depois de explicar a ela várias vezes porque ela não deve fazer isso, ela fica brava, chora e diz que não te ama. A resposta mais fácil seria pagar na mesma moeda, mas isso só prejudica sua filha. A reação correta seria explicar novamente porque ela não pode comer mais sorvete e lembrá-la de que você sempre irá amá-la, mesmo que ela esteja muito brava com você. Ela aprenderá muito mais do que você imagina com esta lição.
Você pode pensar que as crianças e os adolescentes não têm problemas, preocupações, tristezas, decepções e medos. Este é um erro que os adultos cometem com muita frequência. Dizer para engolir o choro, que o lamento não é para tanto, pode minimizar os sentimentos da criança. “Para eles são problemas importantes e sérios, e às vezes é necessário ficar mal. Eles precisam aprender que às vezes surgem problemas, que não há problema em ficarem tristes, já que isso é parte da vida. E, além disso, devem aprender a superar os reveses”, afirma Pajuelo.
A frase “não é para tanto” também tem outra vertente negativa, apontada por Cervantes: “Não estimula a comunicação, porque na próxima vez que acontecer algo, a criança/adolescente não lhe contará, porque vai pensar: ‘Para quê, não me dá crédito mesmo’”. As crianças têm tanta ou maior capacidade emocional quanto um adulto. A diferença é que elas não podem expressar-se e acalmar a si mesmas como nós. Então, de alguma forma, seus problemas não seriam ainda maiores? Nunca menospreze um medo, um arranhão, uma dúvida, um conflito pelo qual seu pequeno está passando. Ajude-o a superar o problema e a reagir de forma saudável.
É uma das frases mais duras que se pode escutar; às vezes ela pode estar na ponta da língua dos pais, mas é ali mesmo que ela deve ficar, porque, além de tudo, normalmente ela não é verdadeira. A psicóloga e escritora Sonia Cervantes explica: “Isso jamais deveria ser dito. Transmitimos que existe um ponto de inflexão em que o jovem sente que não sabe se poderá voltar a estar à altura, e pode ficar ainda pior”. Ou seja, o adolescente pode pensar: “Se já decepcionei você, então agora é que eu vou em frente mesmo”.
Essa é possivelmente a frase mais odiosa que todos nós já ouvimos, e na grande maioria das vezes a ouvimos na adolescência, embora a verdade é que ela não serve para absolutamente nada, a julgar pelo que pensam os próprios adolescentes. “Esta frase expressa uma falta de confiança no adolescente, como se você lhe dissesse que já achava que ele não seria capaz”, observa Sonia Cervantes. “É preciso alertar antecipadamente. Depois, o que deveria ser feito é enfatizar a questão do aprendizado, que o adolescente aprenda com seu erro”, complementa Eva Bach.
A verdade desta frase é que os pais não possuem uma bola de cristal, portanto não podem saber o que os seus filhos entenderão no futuro aquilo que lhes é dito hoje. “É importante que o que lhes dizemos seja razoável e argumentado”, afirma Bach. E essa frase não é nem uma coisa nem outra, o que, no fundo, nós sabemos muito bem.
“Os filhos aprendem com o que os pais fazem, aprendem com o seu comportamento”, diz Pajuelo. Assim, dizer-lhes que não devem fazer algo porque sim, ou utilizando o surrado argumento de que “você entenderá quando for mais velho” não é muito útil. A melhor opção? “Falar. É preciso lhes dar informação e não perder os papéis”, ensina.
Se recuarmos à nossa época de adolescentes, lembraremos que ouvir essa frase da boca dos nossos pais era um estímulo imediato para querer passar muito mais tempo com essas “más companhias”. “É melhor perguntar o que ele vê nesses amigos que lhe faz se sentir bem, o que eles lhe oferecem. É aí que talvez surjam pistas e possamos encontrar outras maneiras de satisfazer essa necessidade”, indica Bach, que, por outro lado, faz as vezes de advogado do diabo e provoca: “Poucas vezes nos perguntamos se os nossos próprios filhos são uma boa companhia para os outros”.
É verdade que, felizmente, é cada vez menos habitual encontrar pais que recorrem à violência, mas ainda existem os que não a usam, porém a ameaçam. Pois acreditam que esse tipo de agressividade serão respeitados e obedecidos. Se usar violência física, verbal ou psicológica, quem fracassa é quem pratica, não quem sofre os abusos, pois a aprendizagem nesse tipo de abordagem com os filho, é nula. Com isso a criança ou o adolescente só aprende a evitar a agressão a qualquer custo, se congelando, se neutralizando, podando os seus avanços em relação ao convívio com outras pessoas e anulando a sua autoestima, autoregulação e vontade de expressar”.
Você na sua idade pagava com cruzeiros, brincava na rua até de noite, quase sem vigilância, e viajava num carro sem cinto de segurança. “Não se pode querer comparar os tempos: antes as coisas não eram melhores, eram diferentes. Nossa sociedade atual gerou outra forma de comportamento”, argumenta Pajuelo. Sem esquecer que “os pais têm lembranças seletivas”. Porque certamente nenhum pai atual teria a ideia de colocar seus filhos num carro sem cinto, porque era o que se fazia quando ele tinha a sua idade.
Isto, se pensarmos bem, é jogar pedra no nosso próprio telhado. “Não se pode esquecer que nós o educamos. Com esta frase não só atacamos sua autoestima como ainda por cima estamos nos desqualificando perante nós mesmos”, observa Bach. “É um rótulo que deveria ser corrigido com um ‘você agiu de forma incorreta’”, diz Cervantes.
Assim como com a frase anterior, esta não tem nada de positivo: estamos rotulando, e ainda por cima com uma pessoa que está em plena formação, como se já fosse algo definitivo. Em geral, qualquer frase negativa que comece com “você é…” é uma má ideia. “É preciso se centrar na conduta, não no indivíduo”, explica Cervantes.
“Isso é muito típico de pais arrogantes, que, aliás, costumam ter filhos igualmente arrogantes, que aceitam a aposta e vão embora de casa”, reflete Pajuelo. “Quando os filhos estão descontrolados, necessitam de pais controlados”, acrescenta. E esse tipo de ameaça é a antítese de estar controlado.
“Essa frase só assusta quem a diz”, garante Pajuelo. E voltamos à premissa anterior: os adolescentes precisam de pais controlados, não que façam ameaças vãs e sem sentido. “Depois de discutir com um adolescente, ele normalmente dormirá suas oito horas pelo menos, enquanto seus pais passarão a noite em claro”, observa. Então, quanto mais você mantiver a calma, melhor.
Aqui culpamos o adolescente por nossa reação. “Os culpados somos nós. Não são eles que nos enlouquecem, e sim a situação, e não sabemos como conduzi-la de uma forma melhor”, sentencia Bach. O ideal é esperar um pouco, até todos nos acalmarmos, e falar quando for possível fazê-lo de forma produtiva.
Estamos dando por perdida uma pessoa a quem, certamente, restam dezenas de anos de vida. Então esta frase é, no mínimo, um pouco taxativa demais. “O melhor é dizer que tem de haver um jeito, o que acontece é que é preciso continuar a procurá-lo. Assim responsabilizamos o adolescente para que nos ajude a procurar essa forma”, aconselha Bach.
Com pequenos ajustes e sempre considerando os sentimentos e bem-estar de nossos filhos, podemos evitar estas frases tão prejudiciais e ter uma relação de amor, proteção e saúde psicoemocional no lar.
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