A depressão e a ansiedade não são sinônimos de fraqueza. Tampouco são consequências de escolhas pessoais. Não podemos decidir se queremos ou não que essas condições nos acompanhem. Não. Os problemas emocionais não funcionam assim, não se trata de “quero sempre me sentir mal e então pego um pouco de tristeza e de ansiedade para ver se me afogo”. Esses não são sinais de fraqueza, nem de fragilidade ou pobreza de espírito. Tampouco são sinais de rendição ou negligência.
Como consequência disso, afundamos em um estado de ânimo ansioso, depressivo ou uma mistura de ambos, a partir do qual passamos a evitar ao máximo sair de casa, não nos sentimos bem fora do lar, nem realizando tarefas ou atividades que antes nos pareciam muito satisfatórias, e nem nos relacionando com as pessoas que nos rodeiam, etc.
E nesse último ponto está o objetivo do nosso artigo de hoje: nossa relação com nosso entorno e com as pessoas que nos rodeiam muda. Essa não é uma situação cômoda para ninguém e, de fato, pode ser que nesse momento comecem a aparecer críticas e passem a nos invadir com comentários e atitudes repletas de incompreensão.
Esses tipos de frases alimentam ainda mais a tristeza, a apatia e a ansiedade no dia a dia. Digamos que esses comentários e atitudes se somam aos pensamentos negativos que contaminam nossa mente e, como consequência, a mente e o mundo da pessoa se tornam ainda mais negros.
Dito de outra maneira, não podemos deixar que o tempo cure porque corremos o risco de que isso não aconteça e de que, pelo contrário, nossas feridas se abram e se inflamem ainda mais, que a infecção se prolifere e aprofunde o nosso problema. Quem dera pudéssemos escolher não ter problemas, desfrutar de cada momento e sempre estar bem. Não podemos, no entanto, evitar e, claro, ninguém está livre do perigo.
O quanto antes compreendermos isso, antes aprenderemos a nos cuidar como merecemos e a não colocar mais lenha na fogueira dos problemas, a não incendiar nossa mente com um diálogo interno proveniente das opiniões sociais que desmerecem e menosprezam nossas emoções e os problemas com os quais nos encontramos, quando nos damos conta de que o mundo, na realidade, não é da cor preferida de todo mundo.
Os sintomas físicos recorrentes da depressão são: tristeza profunda sem motivo aparente; insônia ou sonolência extrema; falta de apetite extrema; choro involuntário sem motivo aparente; desejo de manter-se isolado e afastado de tudo e de todos; falta de vontade de fazer as coisas que mais gosta de fazer; ideações e desejos suicidas, dentre outras, pois cada indivíduo é único e cada corpo e mente, reage de uma forma. Mas no geral, os sintomas característicos de depressão são estes.
Ao observar alguns desses sintomas por mais de 15 dias agende com um clínico geral para descartar doenças biológicas, feito isso, procure um psicólogo. Se o psicólogo considerar que você precisa de medicação, vai encaminhá-lo para um psiquiatra. E tudo bem, não se assuste. Tratar a mente e as emoções deve ser normal como ir ao dentista. E tenha sempre em mente que você não é uma pessoa deprimida, você, no momento, está em tratamento contra a depressão. Porque se você fizer o que precisa fazer para ficar bem, certamente ficará.
OBS: O título foi inspirado num excerto do escritor e psicanalista, Rubem Alves, extraído do livro “Pimentas”, página 51. “Um ‘sentimento’ de falta de sentido para tudo é aquilo a que se dá o nome de depressão”.
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