Somos retalhos dos amores que passaram por nossas vidas

Somos um conjunto dos pedaços das pessoas que amamos, tocamos e nos relacionamos. Tudo isso nos torna alguém único e especial. E sempre capazes de amar novamente, tendo sucesso na paixão, ou apreciando a beleza existente em cada fim.

Um romance chegar ao seu fim é algo digno de lágrimas. Digo isso por que quando a gente investe forças, vontades e esperanças em algo, a gente espera colher coisas boas, mas as vezes tudo que sobra são indeterminações sentimentais e algumas lágrimas, reprimidas ou não.

E não me leve a mal, cada paixão que temos na vida tem seu canto especial, e nos transformou no que somos hoje. Cada pessoa que passa por nossa vida deixa um pouco e leva outro. Somos uma mistura, um bem bolado, de todos que já tocamos e por quem fomos tocados. Nós somos a misturas dos perfumes, dos presentes, das piadas e dos carinhos que um dia já recebemos, sentimos, ou professamos.

Vivi momentos singulares recentemente, e senti coisas que não imaginei sentir novamente. Fui levada a extremos sentimentais, sorri sem mentiras, ri como há muito tempo não o fazia. Sim, fui feliz. Eu experimentei o que é estar nos braços de alguém que te olha como se não houvesse alguém melhor, ou outra pessoa com quem quisesse estar. Eu experimentei do que alguém é capaz para agradar quem se gosta, e experimentei também como é confortante depois de um dia cinza e triste, deitar ao lado do sorriso mais bonito do mundo.

Eu vivi a ansiedade de encontrar o coração desejado a cada tarde, e de trocar piscadas de olho, e rápidos toques de mão, ou um beijinho mandado pelo corredor. Sem contar as mensagens até tarde, e as conversas até amanhecer. Eu experimentei a sensação genuína de estar em sintonia, mesmo que por um curto período, com outro coração.

É raro nessa era da paixão instantânea viver algo assim. É raro encontrar alguém que te deixe leve, despreocupada, e que te faça ser boba junto. Porque estresse o dia-a-dia já nos da de sobra, precisamos mesmo é de bobeira na vida. E eu amei ser boba assim. Eu amei cada brincadeira, e cada risada. Eu amei cada madrugada acordada, por que eu sabia que estar ali era mais importante que qualquer horário no relógio. Eu amei cada momento, e sei que eles foram autênticos.

Mas na vida, nem tudo dura. Nem tudo é pra ser. E chega o momento em que não mais possuímos esse coração conosco. As coisas mudam, os planos mudam, os corações mudam de ideia. E aquele sorriso que brilhava para nós, vai passar a brilhar pra outra pessoa. Aquela mão que um dia combinou perfeitamente com a nossa, amanhã percorrerá outros corpos.

E sim, nos aperta o coração não possuir mais aqueles olhos de comer fotografia sobre sobre nós, ou ouvir as mesmas piadas sem sentido, mas que para a gente sempre são repletas de graça, só por ser ele o dono delas.

Mas eu, caro leitor, eu sou feliz por ter conhecido esse coração, assim como todos os outros os quais já toquei. Sou feliz por ter vivido um pequeno infinito com o dono do sorriso mais lindo do mundo.

Que sejamos felizes por todos os amores que já vivemos. Guardarei sempre as melhores lembranças. Desejando que não houvesse acabado, mas reconhecendo a hora do fim, e admirando-o mesmo assim.

Portal Raízes

As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

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