Todos nós, adultos ou crianças, precisamos da ajuda de um profissional que nos auxilie a acender uma lanterna sobre aquele móvel que vivemos tropeçamos insistentemente sempre que atravessamos os nossos labirintos internos. Entender o que cada profissional ligado à saúde mental tem como função é primordial para iniciar a busca pela melhora do seu problema. E lembre-se sempre de que problemas ligados à ordem mental e emocional não devem ser motivo de vergonha! É sempre indicado procurar um profissional para melhorar a qualidade de vida e a maneira de enxergar a si mesmo e aos outros — seja através de um psicólogo, psiquiatra, terapeuta ou psicanalista.
A primeira coisa que precisamos saber é a diferença entre psiquiatra, psicólogo, psicanalista, e terapeuta. Desses 4, apenas o psiquiatra é médico. Pois ele estudou medicina. E apenas o psiquiatra pode diagnosticar transtornos mentais ou quadros psiquiátricos e prescrever diferentes tratamentos terapêuticos. O psiquiatra pode atuar juntamente com o psicólogo e com o psicoterapeuta — seja qual for o grau de gravidade do problema. O encaminhamento para o psiquiatra pode acontecer através da vontade do próprio paciente, ou por indicação do psicólogo ou psicanalista.
O terapeuta é o profissional que aplica técnicas reconhecidas visando ao restabelecimento da saúde e qualidade de vida de uma pessoa. É uma atividade legalmente permitida através de leis dos âmbitos constitucionais e civis do país a que pertence o terapeuta. Existem diversas atuações para o terapeuta. As mais conhecidas são: Psicoterapeuta, Fisioterapeuta, Terapeuta ocupacional, Arte-terapeuta.
O psicólogo é um profissional que busca entender os comportamentos e as funções mentais do ser humano. Ele aplica métodos científicos para compreender a psiquê humana e atuar no tratamento e prevenção de doenças mentais e melhorar sua qualidade de vida. Sem restrições, o psicólogo é indicado a todos que possuem insatisfação em qualquer âmbito, seja profissional, pessoal, amoroso ou financeiro.
Psicanalista: a psicanálise foi desenvolvida por Sigmund Freud no século XIX. Foi criada
justamente porque nem todos os pacientes respondiam aos métodos de tratamento da saúde mental existentes na época. O psicanalista é, acima de tudo, um seguidor dos ensinamentos de Freud e de seus sucessores. Não é uma profissional, é uma ocupação que se orienta por intermédio dos saberes psicanalíticos, tendo como principal função o entendimento da neuroses do indivíduo que, por intermédio da livre associação da fala, busca o autoconhecimento e da autoanálise de seu inconsciente, ressignifica traumas, preocupações, medos e sofrimentos psíquicos. O psicanalista não pode fazer diagnósticos, tampouco sugerir tratamentos que vão além da livre associação da fala e da escuta terapêutica.
A primeira que coisa que você deve saber sobre a cura do sofrimento psíquico, é que todos nós precisamos de ajuda. Sendo assim, o primeiro passo é procurar um profissional da saúde mental, a princípio, um psicólogo, um psicanalista ou um terapeuta. Após consulta clínica, o profissional poderá lhe indicar o tratamento que melhor lhe agrade. Pode ser que você precise ser medicado, mas somente o seu psicólogo poderá decidir isso e encaminhá-lo para um psiquiatra e este lhe passará a medicação adequada. Preste muita atenção nessa orientação, pois está acontecendo uma ‘epidemia’ de medicalização da vida. Tornando assim, pessoas com eventos de dor psíquicas em doentes mentais crônicos.
As terapias são as formas mais saudáveis de tratamento para as dores psicoemocionais, e podem ser realizadas em quaisquer momentos da vida. Assim, escolha a que mais se ajusta à sua personalidade e busque por ela com a ajuda de um especialista.
1 – Aromaterapia: As culturas mais antigas valorizavam os benefícios terapêuticos dos óleos de plantas aromáticas. A antiga literatura védica da Índia e os textos históricos da medicina chinesa documentam a importância dos óleos aromáticos para a saúde e para a espiritualidade. A Aromaterapia inicia-se no momento da escolha dos óleos essenciais que serão utilizados. Podemos dizer que é um auxiliar aos tratamentos alopáticos ou homeopáticos, individualizado que visa o bem estar completo do indivíduo e suas necessidades pessoais. Para cada pessoa é necessário realizar uma avaliação, física e psicológica antes de definir qual caminho seguir. Os óleos escolhidos devem beneficiar não somente o físico que muitas vezes apenas está respondendo á problemas psicológicos ou emocionais. Todos esses benefícios podem ser recebidos através de massagens, águas de banho, inalação, etc.
2 – Arteterapia: é uma prática terapêutica que tem como objetivo conduzir o cliente, individualmente ou em grupo, ao conhecimento de si mesmo. Visa a estimular o crescimento interior, abrir novos horizontes, ampliar a consciência do indivíduo sobre si e sobre sua existência e o desenvolvimento da personalidade. É utilizada por pessoas que experienciam doenças, traumas, grandes dificuldades na vida ou que buscam melhorar a autoestima, lidar melhor com sintomas de estresse e experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos e emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico. Por ser bastante transformadora, pode ser praticada por crianças, adolescentes, adultos, idosos, por pessoas com necessidades especiais, enfermas ou saudáveis. Utiliza as diferentes técnicas artísticas a fim de auxiliar o cliente a se conhecer, por meio da pintura, escultura, desenho, contação de histórias, modelagem, colagem, desenho, tecelagem, expressão corporal, sons, músicas, criação de personagens, dentre outras, mas utiliza fundamentalmente as artes plásticas. Utiliza a expressão simbólica, de forma espontânea, sem preocupar-se com a estética, já que os objetivos são a expressão das emoções e a relação que se estabelece com as imagens.
3 – Biodança: também conhecida como biodanza (original espanhol) ou psicodança, é uma prática integrativa que tem como objetivo promover a sensação de bem estar através da realização de movimentos de dança baseado em vivências, além disso essa prática promove diálogo não verbal entre os participantes, valorizando o olhar e o toque. A biodança envolve dança e psicologia e integra os conceitos de biologia, psicologia e antropologia, promovendo a sensação de bem-estar, o relaxamento, o autoconhecimento e a criatividade. Dessa forma, a biodança tem sido utilizada no complemento do tratamento de algumas doenças, como deficiência motora, anorexia, Parkinson e Alzheimer.
4 – Musicoterapia: é um tipo de tratamento que utiliza músicas com letra ou somente na forma instrumental, além de instrumentos como violão, flauta e outros de percussão onde o objetivo não é aprender a cantar ou tocar um instrumento, mas possibilitar uma forma de expressar suas emoções por intermédio dos sons. Além de proporcionar sensação de bem-estar, a música quando usada como terapia, pode trazer benefícios para a saúde como melhorar o humor, a concentração e o raciocínio lógico. A musicoterapia é uma boa opção para crianças se desenvolverem melhor, tendo uma maior capacidade de aprendizagem mas também pode ser usada em empresas ou como opção de crescimento pessoal. Como descreveu a psicanalista Clara Dawn: “A música não cura nossas dores, mas nos transporta para um lugar onde não há dores”.
5 – Psicanálise: é uma abordagem desenvolvida por Freud, que postulava o seguinte: ‘quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda’. A autoanálise não é um ‘método terapêutico’ de fácil aceitação e continuidade, pois a psicanálise consiste na ‘cura’ por intermédio da busca e aceitação do quanto de verdade sobre si mesmo você é capaz de suportar. O analisando só inicia o seu processo de análise quando decide enfrentar seus medos, suas verdades, seus desejos, seus recalques… sejam conscientes ou inconscientes, a fim de compreendê-los, aceitá-los e ressignficá-los.
6 – Psicodrama: pode ser definido como uma ciência que busca a verdade por meio de métodos dramáticos e usa a ação como uma forma de investigar a alma humana. É uma técnica psicoterápica desenvolvida pelo psiquiatra romeno Jacob Levy Moreno com a finalidade de propiciar uma ação dramática no indivíduo. Acredita-se que é através da dramatização que o indivíduo entrará em contato consigo mesmo, com suas estruturas e inter-relações. A principal característica do método é a dramatização. Durante a sessão, esse processo pode ser feito de modo grupal ou individual; o coordenador convida o sujeito a protagonizar uma situação conflituosa e realiza intervenções específicas a fim de aprofundar as relações e vínculos no aqui e agora. Assim, o psicodrama se constitui uma prática eficaz no tratamento de diversas situações psicológicas, propiciando saúde, mudanças de atitude, transformações, percepção de fenômenos, e desenvolvimento de papeis.
7- Terapia cognitivo-comportamental (TCC): desenvolvida na década de 60, deriva do behaviorismo, teoria que estuda a psicologia através da observação objetiva do comportamento. A TCC busca padrões de crenças fundamentais, pensamentos dos quais o sujeito está convencido e não se dá conta. Ela funciona bem para questões mais direcionadas, como pacientes que desejam parar de fumar ou resolver outro problema específico. Os terapeutas costumam trabalhar com a colaboração ativa do paciente, que deve cumprir algumas tarefas, como escrever diários de emoções, por exemplo.
8 – Terapia analítico-comportamental (TAC): A terapia analítico-comportamental (TAC) é um tipo de psicoterapia embasada na teoria Behaviorista Radical e na Análise do Comportamento, e tem como objetivos analisar a relação que os comportamentos do paciente, que é tratado como agente mais ativo no seu processo terapêutico, têm com o ambiente em que vive, ajudá-lo a discriminar quais comportamentos estão sendo mais ou menos adaptativos, a partir da discriminação das consequências reais destes comportamentos e da função deles em sua vida. O objetivo da terapia é torná-lo capaz de manter comportamentos mais saudáveis, que lhe tragam menos sofrimento e mais reforçadores positivos naturais. Mostrou-se ser uma terapia mais eficaz no tratamento da depressão quando comparada à terapia cognitivo-comportamental. As terapias analítico-comportamentais, seguindo a linha cientificista característica do behaviorismo, apresentam hoje propostas de intervenção com larga aplicação e validação empírica aplicáveis a transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobia social, agorafobia, fobia específica, depressão nervosa (leve, moderada e severa), alcoolismo, tabagismo, dependência química, entre outros.
9 – Terapia com trabalho multiprofissional: partindo de duas categorias principais, nesse caso, psicólogo + psiquiatra, é possível desenvolver um cuidado humanizado, caracterizado nas ações de assistência à saúde integral do paciente. De acordo com a psicóloga Cristiana Renner, com doutorado no Departamento de Psicobiologia da Unifesp, se o paciente apresenta pensamentos suicidas, ele pode precisar da mescla dos trabalhos de e psiquiatria. “É comum casos em que o psiquiatra recomende um antidepressivo e faça o acompanhamento do paciente uma vez ao mês, enquanto o psicólogo o atenda duas vezes por semana”, explica. Esse tipo de tratamento ajuda o paciente a compreender por que chegou àquele estado emocional, além de prevenir futuras crises. “Ninguém deprime-se do nada. A terapia dá instrumentos à pessoa para que ela lide com problemas sem precisar adoecer novamente”, complementa a doutora Danielle H. Admoni, psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A especialista explica ainda que esse tipo de terapia só funciona se os dois profissionais estiverem em sintonia.
10 – Terapia humanista: a terapia centrada na pessoa foi desenvolvida pelo psicólogo americano Carl Rogers durante a década de 1950, é uma abordagem humanista que lida com as formas pelas quais os indivíduos se percebem conscientemente. Assim, o papel do psicólogo não é interpretar os pensamentos ou ideias inconscientes do paciente. A “empatia” é a palavra de ordem quando se aplica o método. O terapeuta é, então, aquele que interpreta as experiências e sentimentos do indivíduo de acordo com a perspectiva do paciente, e não do profissional. Uma parte importante da terapia centrada na pessoa é que, no consultório do psicólogo, a satisfação do paciente inclui a sociabilidade, a necessidade de estar com outros seres humanos e o desejo de conhecer e ser conhecido. Profissional e paciente estabelecem uma relação equilibrada de confiança mútua. Portanto, a teoria se distancia da ideia do terapeuta em posição de detentor de saber e que analisa o outro a partir do seu próprio ponto de vista.
11 – Terapia junguiana: a terapia de orientação junguiana, baseada nas ideias de Carl G. Jung e pós junguianos, tem como principal objetivo auxiliar o indivíduo a resgatar aquilo que é a sua essência, ou seja, viver de acordo com aquilo que ele realmente é. Também chamada de Psicologia Analítica, ela trabalha para integrar aspectos inconscientes à consciência e estabelecer um equilíbrio entre mundo interno e externo. Na terapia junguiana, terapeuta e paciente trabalham juntos para reencontrar o caminho que tem mais a ver com a essência do paciente. O paciente pode ficar à vontade para falar do que quiser. Qualquer situação que tenha lhe causado algum afeto pode ser analisada e refletida. O terapeuta irá buscar compreender simbolicamente o que aquela situação está representando para o paciente. O paciente, por sua vez, começa a compreender melhor a si mesmo e como ele “funciona” no mundo. Compreender simbolicamente quer dizer ir além do significado óbvio das situações, buscando entender o que mais está carregando aquela situação de afeto (podem ser experiências e vivências prévias, crenças, conceitos, etc).
12 – Terapia lacaniana: seguidor de Sigmund Freud, o francês Jacques Lacan desenvolveu uma abordagem que trazia nova ideias para a psicanálise. Como o objetivo de explorar o inconsciente, a abordagem funciona de um jeito parecido com a psicanálise de Freud, por livre associação: o paciente deve falar abertamente, sem amarras, de tudo que lhe passar pela cabeça durante as sessões. O psicanalista lacaniano inicia o processo com um conjunto de entrevistas com o objetivo de avaliar se a pessoa tem, de fato, um problema que pode ser tratado pela psicanálise. Segundo a psicanalista Claudia Riolfi, diretora do Instituto da Psicanálise Lacaniana (Ipla), não há uma frequência padrão para as sessões. O número semanal de encontros é estipulado em entrevistas preliminares, que vão indicar o nível de angústia do analisando e a necessidade de fazer um tratamento mais acelerado ou mais lento. Cumprindo essas etapas, o analista evita iniciar o tratamento com quem não tem indicação para esse tipo de terapia. Freud dizia que a psicanálise não era indicada para pessoas não inteligentes emocionalmente, psicóticos ou quem necessite de urgências, inaugurando uma lista que até hoje passa por modificações. Lacan chegou a dizer que a sua terapia não era adequada para católicos praticantes, pessoas que nunca se sentiam culpadas, milionários, canalhas e quem não tivesse desejo.
Artigo organizado pela pesquisadora, psicopedagoga e psicanalista Clara Dawn, atendendo a pedidos de assinantes do Portal Raízes.
Personagens na capa: Carl Jung, Carl Rogers, Jacques Lacan, Frederic Skinner, Nise da Silveira, Sigmund Freud, Jacob Levy Moreno, Virginia Bicudo.
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