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Os filhos adultos devem impor limites à toxidade e à superproteção dos pais, diz especialista

Não é incomum ter um relacionamento complicado com seus filhos. Assim como você, seus filhos são apenas humanos, sujeitos às mesmas reações e emoções. Mas onde está a linha entre brigas familiares e comportamento tóxico ou abusivo?

Como adultos, temos escolhas que não tínhamos quando crianças e, por isso, não somos mais obrigados a fazer sempre o que nossos pais querem. Se você foi criado para respeitar os mais velhos, obedecer a seus pais e agradá-los a todo custo, estabelecer limites  e exigir que eles lhe respeitem, pode parecer estranho. Mas os especialistas nos exortam a desafiar essa mentalidade.

Os filhos adultos podem, e devem, impor limites aos pais

Sharon Martin, psicoterapeuta, 25 anos de experiência no tratamento de codependência, perfeccionismo e ansiedade, em seu livro The Better Boundaries Workbook, (O livro dos melhores exercícios de limites), traz à lume reflexões e exercícios acerca de como impor limites aos comportamentos tóxicos e/ou abusivos que os pais praticavam na nossa infância e continuam praticando mesmo depois que nos tornamos adultos. Confira:

10 vezes que os filhos adultos vivenciam a toxidades dos pais:

  1. Quando eles são egocêntricos: quando eles são insensíveis aos seus problemas. Você começa a falar de seus problemas com eles e eles mudam de assunto ou contam logo uma história de como eles são melhores do que você porque viveram coisas piores.
  2. Quando eles são canhões emocionais: eles exageram ou criam drama diante de situações em que você demonstra contrariedade com eles.
  3. Quando eles compartilham demais: eles compartilham informações desnecessárias e desconcertantes com você, como detalhes sobre suas vidas íntimas. Eles usam você como sua principal fonte de apoio emocional.
  4. Quando eles dizem que você é razão de suas vidas: quando os pais dizem que os filhos é razão de suas vidas, que os filhos são o único motivo para sorrir, eles, ainda que inconscientemente, impõem sobre os ombros dos filhos, a responsabilidade de fazê-los felizes, de não contraria-los nunca, de sempre dar orgulho a eles. Este comportamento, além de abusivo e tóxico, é egoísta.
  5. Quando eles tentam controlar tudo: eles se sentem na obrigação de “resolver” todos os seus problemas, sejam financeiros, emocionais, conjugais, com filhos, no trabalho e até com os amigos. Eles se intrometem em todos os departamentos de sua vida.
  6. Quando eles são duramente críticos: Nada do que você faz é bom o suficiente. Eles respeitam e valorizam quem você realmente é e diminuem as expectativas e sonhos como se fosse um grave erro ter aquelas expectativas e sonhos.
  7. Quando eles impõem presença: Eles podem aparecer do nada em sua casa ou afronta-lo diante de outras pessoas como se você não soubesse o que faz ou diz.
  8. Quando eles fazem exigências absurdas: Eles podem esperar que você largue tudo por eles e atenda às necessidades deles , mesmo que você tenha sua própria vida. Se você tentar dizer “não”, eles podem responder com raiva, crítica ou culpa. Você pode se sentir preso a ceder às demandas deles, mesmo que sejam demais para você.
  9. Quando eles lhe machucam com palavras e ações: Se seus pais foram fisicamente abusivos com você durante a infância, isso pode mudar para abuso verbal à medida que você envelhece. Muitas vezes, os pais que são abusivos com seus filhos também sofreram abusos em suas próprias infâncias.
  10. Quando eles se recusam a reconhecer seus erros: Eles podem dizer ou fazer coisas que são prejudiciais e depois esperar que você siga em frente “ficando o dito pelo não dito”.

Como lidar com a toxidades dos pais:

É normal querer agradar seus pais, não importa sua idade. Mas seja realista sobre se é possível e quanto seus esforços estão custando emocionalmente, fisicamente, mentalmente, financeiramente e espiritualmente.

A coisa mais prejudicial a fazer a si mesmo é acreditar que você poderá, de algum modo, consertá-los. Não pode. E essa tarefa também é sua. Quem deseja mudança, busca a mudança. Se você sabe disso, não precisa ficar lá e pegar o que eles estão lhe dando. Você pode escolher por si mesmo se quer aquilo na sua vida. Pode ajudar muito decidir a partir da lista do que você NÃO quer para sua vida. Isso com certeza vai libertá-lo da demanda de tentar consertar seus pais.

Impondo limites aos pais tóxicos e abusivos:

  • listar o que você não quer para sua vida em relação aos seus pais;
  • aceitar e seguir na certeza de que você não tem obrigação de consertá-los;
  • compreender, aceitar e enfrentar a realidade que a toxicidade e os abusos sofridos desde a infância lhe causaram problemas que foram culpa sua, mas a partir de agora é sua inteira responsabilidade cuidar de si mesmo para que tenha uma vida qualificada;
  • compreender, aceitar e praticar a certeza de que os bons pais são aqueles que vão se fazendo desnecessários e os filhos também, que enquanto crianças necessitamos da presença constante e do amparo de nossos pais, mas enquanto adultos não. Você pode eventualmente visitá-los e atender a pedidos de urgência, mas é muito mais saudável, seguir seu caminho tendo o menor contato possível com pais tóxicos e/ou abusivos.

Em síntese:

Quando outras pessoas julgam ou criticam a decisão de limitar o contato ou estabelecer outros limites com pais tóxicos, geralmente é porque elas têm pais emocionalmente saudáveis ​​que as tratam com respeito.  Mas você está limitando o contato porque seus pais são abusivos e lhe tratam mal. Ora, os seus pais não recebem um passe livre para maltratar você, simplesmente porque são seus pais.

Pratique o autocuidado

Filhos de pais tóxicos podem não estar acostumados a cuidar de si mesmos. Use um mantra como ‘O autocuidado não é egoísta’, ou ‘Minhas necessidades importam’, ou ‘Sou adulto e tenho o direito de fazer minhas próprias escolhas’.

Da redação de Portal Raízes a partir dos saberes da psicoterapeuta, Sharon Martin (capa).

Portal Raízes

As publicações do Portal Raízes são selecionadas com base no conhecimento empírico social e cientifico, e nos traços definidores da cultura e do comportamento psicossocial dos diferentes povos do mundo, especialmente os de língua portuguesa. Nossa missão é, acima de tudo, despertar o interesse e a reflexão sobre a fenomenologia social humana, bem como os seus conflitos interiores e exteriores. A marca Raízes Jornalismo Cultural foi fundada em maio de 2008 pelo jornalista Doracino Naves (17/01/1949 * 27/02/2017) e a romancista Clara Dawn.

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