Como palavras da moda como justiça social, equidade e inclusão permeiam nossa consciência coletiva, é essencial que os defensores do progresso se lembrem de outro ‘ismo’, que frequentemente é deixado de fora das conversas. O capacitismo. Você sabe o que é? Falar que alguém é cego por não te cumprimentar na rua ou que deu uma mancada por cometer um erro, são exemplos clássicos de capacitismo, o preconceito contra pessoas com deficiência. O termo, que vem da tradução do inglês ‘Ableism’, significa destratar ou ofender uma pessoa por sua deficiência.
3 de dezembro se comemora o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, 09 de dezembro é Dia da Criança com Deficiência e 13 de dezembro é o Dia da Pessoa com Deficiência Visual, por isso, dezembro é o mês escolhido para falarmos sobre as PCD – Pessoas com Deficiência, bem como o capacitismo.
A palavra é relativamente nova nos dicionários brasileiros e se refere ao preconceito e opressões sofridas por pessoas com deficiência (PCDS). Está para esse público tal qual o machismo para as mulheres, a homofobia para quem é LGBTQIA+ ou racismo para os negros. No entanto, segundo dados da Organização mundial da Saúde (OMS) uma a cada 7 pessoas no mundo declara ter algum tipo ou nível de deficiência.
No Brasil, de acordo com o senso de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 45 milhões de brasileiros e brasileiras declaram ter nascido ou adquirido uma deficiência ao longo da vida. Em 3 de dezembro é lembrado o dia da pessoa com deficiência, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, para que seja promovidos debates e reflexões à cerca de ações que promovam acessibilidade e inclusão para quem tenha alguma necessidade específica.
O capacitismo nega a capacidade de uma pessoa com deficiência, infantilizando, subjugando e menosprezando o fato de que ela é perfeitamente capaz de responder por seus atos. Pensando nisso, elaboramos este artigo com 10 situações em que somos capacitistas, e explicamos porque frases ou atitudes que às vezes falamos ou temos no automático podem oprimir uma PCD. Vale muito a pena conferir!
Essa é clássica. É comum que pessoas que não tem deficiência queiram saber sobre a deficiência ou como alguém com deficiência realiza suas atividades. No entanto, além de capacitista, pode ser algo muito invasivo. Afinal, trata especificamente de uma característica de alguém.
Esta fala além de capacitista, é dolorosa, pois dá a entender que a deficiência é um “defeito” e que vai contra o conceito de belo.
Mais uma vez vemos em uma expressão, às vezes, dita na “melhor das intenções”, uma tentativa velada de consertar uma característica da pessoa que tem deficiência. Mas é sempre bom lembrar que quem é PCD já sabe da sua condição e se necessário já faz o acompanhamento receitado por médicos. Logo, perguntar se não existem cirurgias ou tratamentos não é muito simpático.
A deficiência de uma pessoa não necessariamente é um impedimento para que ela estude, trabalhe, viagem ou realize qualquer outra atividade corriqueira. Ao invés de nos espantarmos com alguém vivendo a própria vida, devemos nos perguntar porque nos ambientes que ocupamos não tem pessoas com deficiência e se esses ambientes são acessíveis para essa parcela da sociedade.
Dizer esse tipo de coisa é péssimo, e ouvir é pior ainda. Pessoas com deficiência não são exemplos e nem modelos de nada. Pois, antes da deficiência, vem a “pessoa”, logo, quem tem deficiência também está em construção, em desenvolvimento e não deve ser comparado ou comparada a outra criatura que também tem seus próprios processos.
A menos que a pessoa com deficiência fale um idioma que você não entende e seja preciso a interferência de um tradutor, você pode falar diretamente com a pessoa em questão. A deficiência nem sempre anula as faculdades mentais de alguém e nem sua capacidade de responder por seus próprios atos e vontades. Delegar essa responsabilidade para uma eventual companhia que esteja com a pessoa que tem deficiência, é tirar dessa pessoa sua autonomia de escolhas e decisões.
Esse ponto é um pouco polêmico, mas é preciso ser abordado. O credo e a religiosidade de uma pessoa é algo individual e não há nenhum problema em crer em um poder superior ou praticar determinada religião. Agora, quando usamos isso para vender ou impor uma “possível” cura para alguém que tem deficiência é sim um problema. Quem tem ou adquire uma deficiência não está doente. Logo, não precisa ser curado ou curada de nada. A deficiência como já foi dito neste artigo, é uma característica, uma condição humana. A menos que seja um desejo da própria pessoa, milagres extraordinários não entram na equação.
As expressões a cima, especialmente usadas no diminuitivo, são uma clara infantilização da pessoa com deficiência e, a essa altura, não é preciso dizer que isso tira autonomia e as responsabilidades da idade de uma PCD, né? Portanto, se não for alguém que você tenha um vínculo afetivo e o uso dessas expressões seja algo rotineiro entre as partes, não use. Na dúvida, trate pelo nome mesmo.
Esta é mais uma situação clássica de capacitismo, pois, sugere que a deficiência é um fardo tão pesado que ninguém aguentaria carregar.
As expressões a cima são capacitistas porque sugerem que pessoas com deficiência esquivam-se de situações se valendo de sua condição e reforçam que essa condição é algo negativo ou serve quase como um “truque” para se dar bem na vida.
Microagressões são expressões verbais ou comportamentais do dia-a-dia que comunicam um desprezo ou insulto negativo em relação à identidade de gênero, raça, sexo, deficiência, etc. de alguém. No caso de deficiência :
Frases como esta implicam que uma deficiência torna a pessoa menos, e que a deficiência é ruim, negativa, um problema a ser resolvido, ao invés de uma parte normal e inevitável da experiência humana. Muitas pessoas não têm a intenção de ser ofensivas e muitas têm boas intenções, mas até mesmo comentários e ações bem-intencionados podem prejudicar seriamente seus destinatários. O capacitismo só vai acabar quando entendermos que ao falar PESSOA COM DEFICIÊNCIA, estamos enfatizando que a pessoa vem antes de sua deficiência e que a sua deficiência não é um defeito a ser corrigido, é apenas um traço a ser aceito.
Texto de Juliana Santelli, estudante de jornalismo na PUC-GO, que não veio ao mundo a passeio e que enxerga a vida por ângulos nada convencionais. Na falta de algo interessante para dizer, digo aquilo que acredita: os sonhos são como passarinhos: se não os alimentamos, eles voam.
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