Pais autoritários e inflexíveis em demasia ou tolerantes e liberais em excesso, podem potenciar o desenvolvimento de problemas comportamentais nos filhos. De um modo geral, crianças com regras muito rígidas ou permissivas demais, terão muitas dificuldades em obedecer à instruções, em aceitar críticas, em tomar decisões e em se preocupar com as consequências dos seus atos. Serão crianças com baixa autoestima, o que afetará a sua educação integral: moral, emocional, psicossocial, cognitiva, e psicomotores.
Um estudo publicado no Journal of Family Psychology, analisa cinco décadas de pesquisa envolvendo mais de 160.000 crianças. Os pesquisadores afirmam que a surra aumenta a probabilidade de uma ampla variedade de resultados indesejáveis para as crianças. Apanhar, assim, faz o oposto do que os pais geralmente querem que ele faça. Os pesquisadores testaram alguns efeitos a longo prazo entre adultos que foram espancados quando crianças. Quanto mais eles foram espancados, mais exibiam comportamento antissocial e experimentavam problemas de saúde mental. Eles também eram mais propensos a apoiar a punição física de seus próprios filhos, o que destaca uma das principais maneiras pelas quais as atitudes em relação ao castigo físico são passadas de geração para geração.
10 lições inesquecíveis que você ensina à criança quando grita ou bate nela
Se você acha que educar, corrigir, disciplinar a criança de forma amorosa e responsável, é uma bobagem, então invista na truculência. Todavia, lembre-se que esse comportamento de ‘educar’ por intermédio de gritos, palavrões, agressões, já se provou ineficaz e maléfico de muitas maneiras. E não adianta pedir desculpas, se vai repetir a mesma coisa daqui a pouco. Crianças que convivem com adultos raivosos, iracundos, irritadiços, agressivos, tendem a desenvolver comportamentos semelhantes ou desencadearem transtornos mentais graves que poderão lhes acompanhar por toda a sua vida adulta. Essas crianças aprendem muitas lições enquanto apanham e são tratadas aos berros. Estão aqui 10 delas:
- Que o mais forte pode agredir o mais fraco de forma física, verbal e psicológica
- Que não é possível controlar a raiva. A raiva deve vir à tona com violência
- Que aquilo que ela pensa, sente e fala nunca será levado em consideração, pois independente de dizer a verdade ou de mentir, vai apanhar ou ficar de castigo, porque é isso que ela merece
- Que o diálogo não resolve os conflito e escutar o que o outro tem a dizer não interessa
- Que não se deve se colocar no lugar do outro, já que outro está sempre errado e merece sofrer física e verbalmente por isso.
- Que ela não merece afeto, nem respeito, porque faz tudo errado
- Que ela e é incapaz de agradar seus superiores, que suas habilidades são insuficientes e seus esforços inúteis.
- Que não possível vivenciar relacionamentos saudáveis e respeitosos
- Que ela veio ao mundo para trazer desgosto e que seria melhor se ela não existisse
- Que ela jamais poderá ser alguém que mereça estar em relacionamentos que não sejam repletos de agressões físicas, verbais e psicológicas.
Texto da escritora, neuropsicopedagoga, pesquisadora e psicanalista Clara Dawn